Polícia

Diplomas falsos eram vendidos por até R$ 1,5 mil a candidatos de concursos públicos no ES

Investigação da Polícia Civil apura irregularidades em processos seletivos da área da Educação em prefeituras da Grande Vitória

Foto: Divulgação/ Polícia Civil

Candidatos a concursos públicos na área da Educação de diversas prefeituras da Grande Vitória foram alvos de uma operação policial suspeitos de fraudarem documentos e diplomas para conseguiram as vagas.

A investigação envolve processos seletivos para contratação de professores. Documentos chegavam a ser vendidos por até R$ 1,5 mil, segundo a polícia.

O delegado Douglas Vieira, titular da Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), detalhou que os suspeitos utilizavam os falsos documentos para conquistar a aprovação nos processos seletivos.

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Na operação, denominada Falsarius, a polícia apreendeu carimbos de prefeituras da Grande Vitória e declarações falsas de que o candidato trabalhava em determinado horário, por exemplo.

“Desde falsificação de diplomas de cursos superiores até diplomas de cursos de extensão, como curso de Libras, declarações de tempo de serviço, entre outros. Até atestado médico nós descobrimos. Tudo isso para conseguir uma vaga”, contou o delegado. 

Secretarias também são investigadas 

Os casos foram registrados em redes municipais de ensino, mas a polícia não detalhou quais cidades envolvidas. No decorrer as investigações, secretarias municipais procuraram a polícia para denunciar as irregularidades.

No entanto, de acordo com o delegado, há servidores nas próprias secretarias que também teriam compartilhado informações privilegiadas e cometido irregularidades. 

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“Lamentavelmente, alguns coordenadores de escolas, como demais funcionários, ao saberem dos concursos, contactavam candidatos e ofertavam esses documentos falsos para que conseguissem as vagas, mediante ao pagamento”, disse Douglas Vieira. 

79 diplomas falsos apreendidos 

Essa foi a segunda fase da Operação Falsarius. A primeira foi em dezembro do ano passado. Nas duas ocasiões, cerca de 79 diplomas falsos foram apreendidos.  

Acreditamos que é um número muito grande de candidatos que se valem dessa fraude para obterem essas vagas. Os atestados variavam de R$ 20 ou R$ 30, podendo chegar até a R$ 150. Os demais documentos, como diplomas de cursos e declarações, variavam entre R$ 70 a R$ 1,5 mil, a depender da quantidade”, explicou. 

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Conforme informações apuradas pela Polícia Civil, a prática era encarada como rotineira na ´área da educação, e não gerava problemas para os envolvidos. 

“É mais um crime de oportunidade. Uma das investigadas mencionou que todo mundo fazia, então ela quis ganhar um dinheiro extra. Os funcionários públicos também se valem disso, achando que não vão ter problema nenhum, os candidatos também acham que não serão descobertos. Agora, claro que sabemos que existem falsificadores que são criminosos carimbados, nós vamos chegar neles também. Isso é um alerta para os candidatos, é só não se submeter a isso. Depois não adianta chorar, estamos avisando”, alertou. 

Servidores serão alvo de nova operação

A próxima fase da Operação Falsarius visa afastar os servidores públicos envolvidos nas transgressões. 

“Eles podem responder por falsidade de documento público ou particular, com pena de até seis anos. Dependendo da situação, pode configurar como corrupção ativa ou passiva, cuja pena vai até 12 anos. Se o funcionário público inseriu dados falsos no sistema do órgão público com autorização mediante ao pagamento, também pode responder com pena máxima de 12 anos”, finalizou o delegado. 

Até o momento, não há nenhum investigado preso. “Estamos trabalhando para que alguns funcionários sejam afastados dos cargos. E estamos fazendo levantamento para que, se há algum candidato que conseguiu a vaga por esse meio, também seja afastado. Felizmente, a maioria dos casos que chegou até nós, esses candidatos não conseguiram as vagas”.

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*Com informações do repórter Gabriel Cavalini, da TV Vitória / Record