
Vilson Luiz Ballan, dono do bar Sofá da Hebe, na Rua da Lama, em Jardim da Penha, Vitória, que matou o jovem Breno Rezende de Carvalho, de 25 anos, a facada, em 15 de março, se tornou réu por homicídio, exatamente um mês após o crime.
O juiz Carlos Henrique Rios do Amaral aceitou a denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e Vilson responderá por homicídio qualificado por motivo fútil. Além disso, o magistrado decretou a prisão preventiva do acusado.
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Crime motivado por R$ 16
Na denúncia, o MPES descreve a discussão que teria culminado no homicídio do jovem. Breno estava com amigos no bar do acusado. Eles teriam pegado uma cerveja e deixado uma segunda bebida paga.
Vilson então teria se aproximado do grupo e cobrado o valor de R$ 16 da segunda cerveja. Os jovens explicaram a ele que o valor já havia sido pago, mas o acusado não aceitou a explicação. Ele ameaçou os jovens e disse “vocês têm cinco minutos para resolver isso aí“.
Diante da ameaça, os jovens chamaram o garçom do estabelecimento, que confirmou a Vilson que a cerveja havia sido paga. O acusado continuou a não aceitar as explicações e passou a discutir com o próprio funcionário.
A denúncia descreve ainda que Vilson continuou a encarar o grupo e logo depois se aproximou de Breno para cometer o crime.
Depreende-se dos autos que, após encerrar as atividades do seu bar, o DENUNCIADO dirigiu-se até o local onde se encontravam a vítima e seus amigos e, de forma súbita, retirou uma faca da cintura e desferiu um golpe contra BRENO, que tentou se defender com um soco, mas, em razão da gravidade do ferimento, veio a óbito imediatamente no local, descreve o MPES na denúncia.
Após o crime, Vilson entrou imediatamente em um carro e fugiu do local. O carro pertence ao irmão dele, Adilso Villan. A faca utilizada no crime foi encontrada na carroceria do veículo, que estava na casa de Adilso.
Passado o período de flagrante, o acusado se apresentou à polícia e teve a prisão temporária decretada.
Prisão preventiva
Na denúncia, o MPES requereu que a prisão temporária do acusado fosse convertida em preventiva, por conta do motivo fútil do crime e para a manutenção da ordem pública, argumentando que Vilson representa uma ameaça, caso seja libertado.
O pedido foi acatado pelo juiz, que concordou com os argumentos do MPES. Segundo ele, o assassinato do jovem por apenas R$ 16 é motivo que justifica a prisão preventiva.
Além disso, o fato de Vilson ter fugido do local demonstra que o acusado é um risco para a ordem pública e para a aplicação da lei.
Outrossim, restou consignado que o denunciado evadiu-se do local dos fatos logo após a prática do crime, utilizando-se de um veículo, o que demonstra risco real e atual à aplicação da lei penal, especialmente em eventual condenação pelo Tribunal do Júri, razão pela qual se mostra necessária a prisão preventiva para assegurar a futura execução penal, afirmou na decisão.
“Sensação de irrealidade”, diz família de jovem assassinado
Lara Rezende Machado, irmã da vítima, relata que um mês após a morte de Breno, a família ainda convive com o luto e o sentimento de irrealidade, por conta do assassinato brutal do jovem.
É totalmente irreal, parece que isso é de outro mundo, nunca pensamos que perderíamos o Breno assim, é uma sensação de irrealidade e revolta, porque o que fizeram com ele é completamente revoltante, desabafa a jovem.
Ainda que Vilson continue preso e tenha se tornado réu, a prisão traz pouco ou quase nenhum conforto para a família, com explica a jovem.
“O monstro que fez isso está preso, mas ainda pode ver a sua família, ainda vai ter oportunidade de ser feliz com eles, mas é nós? Vamos viver com essa saudade para sempre, com esse sentimento de revolta e irrealidade”, afirmou.
Homenagem dos amigos
Após a morte de Breno, um grupo de 10 amigos decidiu homenageá-lo e marcou na pele as letras que ele utilizava para assinar.
Um desses amigos é Nathan Milagre Gomes, que estava com o amigo no dia do crime, inclusive, no momento em que foi esfaqueado. Segundo ele, tudo aconteceu muito rápido e mesmo com diversas pessoas acionando o socorro, o jovem não resistiu.
“Foi tudo muito rápido, acionamos o socorro e muita gente também acionou, a rua estava cheia. Quando liguei, por exemplo, me disseram que a viatura já havia sido enviada, porque uma pessoa tinha ligado. Até liguei de novo, porque só a polícia tinha chegado. Quando o Samu chegou e desceu a maca para pegá-lo, constataram o óbito”.
Para a marca de um mês, os 10 amigos decidiram se juntar em uma pequena reunião. Um jantar para entre uma bebida e outra, dividir histórias e lembranças sobre Breno.