Um homem, de 66 anos, e uma jovem, de 20 anos, foram presos pela Polícia Federal em João Molevade, em Minas Gerais, por envolvimento no contrabando de migrantes para os Estados Unidos.
A prisão aconteceu na tarde desta sexta-feira (07). A Polícia Federal (PF) tentava localizar a dupla desde setembro do ano passado para cumprimento de prisão preventiva decretada pela 2ª. Vara Criminal Federal de Vitória.
A PF acionou a Polícia Rodoviária Federal (PRF) que ajudou nas buscas e efetuou a prisão da dupla. Os suspeitos serão levados para o presídio local e ficarão à disposição da Justiça. Outros envolvidos na investigação ainda estão foragidos.
Relembre o caso
Em 24 de setembro do ano passado, Policiais Federais da Delegacia de Defesa Institucional da Polícia Federal do Espírito Santo, cumpriram mandado de busca e apreensão no município de Fundão, região metropolitana de Vitória.
Na época, a polícia investigava a atuação de uma organização criminosa envolvida na promoção de migração ilegal para os Estados Unidos. Um dos envolvidos, já havia sido indiciado e preso pelo mesmo crime em investigações realizadas pelo Grupo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e ao Contrabando de Migrantes da Polícia Federal no Estado de Minas Gerais.
No local foram encontradas dez pessoas, sendo sete adultos e três crianças em condições precárias em barracas de camping. Inicialmente, as pessoas confirmaram as suspeitas da Polícia e seguiram para a Superintendência da PF onde foram ouvidas e liberadas.
O contrabando de pessoas
Os investigados atuariam recrutando pessoas no Espírito Santo e Minas Gerais com a finalidade de promover sua emigração ilegal do Brasil para os Estados Unidos, pela fronteira do México.
Cada recrutado teria que pagar até US$ 30 mil pelo “pacote de serviços” que garantiria a chegada em solo americano.
Em Fundão, a dupla estabeleceu um verdadeiro entreposto de espera, um local onde aguardavam pela preparação de documentos, compra de passagens e demais arranjos necessários para a entrada irregular nos Estados Unidos da América.
Espírito Santo é o terceiro Estado em número de migrantes ilegais
O número de brasileiros tentando ingressar ilegalmente nos Estados Unidos disparou no ano passado. Estima-se que 150 brasileiros foram detidos diariamente pelas agências policiais americanas, chegando a quase 5 mil por mês em 2021. Não há dados que indiquem quantos brasileiros conseguem realizar a travessia organizada por grupos criminosos conhecidos por “coiotes”.
Os capixabas compões o terceiro maior grupo nesse universo de detidos, atrás somente dos Estados de Minas Gerais e Rondônia. A Polícia Federal alerta que apesar da mudança no governo americano com a eleição do Presidente Biden, as regras migratórias americanas não foram flexibilizadas, a travessia ilegal pela fronteira mexicana, além de cara, é perigosa e traz riscos inúmeros às pessoas.
Além disso, as organizações criminosas dedicadas a esta atividade não têm nada a perder. Há inúmeros relatos de agressão, estupros, furtos e até mesmo abandono dessas pessoas no deserto americano pelos “coyotes”.
Crimes investigados
Os investigados responderão pela prática do delito de Promoção de Migração Ilegal (Art. 232-A do Código Penal) e associação Criminosa (Art. 288 do Código Penal).
Promoção de Migração Ilegal
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Organização Criminosa
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas.