O advogado de Hilário Frasson, ex-marido da médica Milena Gotardi Tonini Frasson, de 38 anos, afirmou que a carta registrada por ela em cartório é apenas “o relato de um momento” que o casal vivia. Além disso, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB-ES), Homero Mafra, que assumiu a defesa de Hilário, destacou que isso não muda a convicção que eles têm de que o ex-marido não tem nenhuma participação no crime.
“Em relação à carta, eles estavam discutindo a separação. No primeiro momento, essa separação não era do agrado do Hilário. Essa carta retrata um determinado momento. Um momento de muita dor, de muita aflição. Se você olhar, a carta fala até de suicídio. É o relato de um momento. Depois ele sai da casa e aí não há nenhum relato de ameaça dele a ela e nem aos filhos. Foi um relato de um momento de dor”, afirmou o advogado.
Mafra também disse que não vão discutir a veracidade dessa carta e demonstrou também se sensibilizar com os relatos. “Acho que qualquer ser humano se emociona na situação que estamos vivendo, mas essa carta é um retrato de um momento. Envolver Hilário nesses fatos é uma grande injustiça. Essa carta já estava com a polícia há muito tempo e contra Hilário não há nenhum mandado de prisão”, apontou.
Problemas com álcool
Na carta a médica destaca momentos de agressividade após o ex-marido ingerir bebida alcoólica. “A situação ficou muito mais grave a partir do momento em que o alcoolismo começou a se tornar algo real nas nossas vidas. Ele era um etilista social (embora mesmo nos finais de semana sempre abusava da quantidade de álcool). O hábito se tornou diário”, relatou no documento.
Mas segundo o advogado de Hilário, ele não tem nenhum problema de alcoolismo. “Ele não tem problema de alcoolismo. Eu perguntei isso a ele, porque o alcoolismo é uma doença, então as pessoas tendem a ver isso como fraqueza. Isso pode acometer qualquer pessoa”, disse.
Agressividade
Perguntado sobre as alegações de agressividade com palavras, expressadas pela médica na carta, Mafra disse que o cliente nega tudo. “Ele nega esse fato [de ser agressivo verbalmente]. As pessoas que conhecem Hilário sabem que ele não tem essa forma agressiva e, embora eu não tenha conversado com ele, não tenha discutido especificamente esse ponto com ele, é humano e compreensivo que num primeiro momento, resistindo à separação, você possa ter uma mudança de comportamento, que foi pontual e num momento específico”.
Complicação
A respeito da carta poder complicar a situação do ex-marido de Milena, Mafra afirma que não existe essa possibilidade. “O que poderia complicar o Hilário seria o envolvimento dele no fato, e esse envolvimento não existiu. Ele está muito tranquilo em relação ao fato”, comentou o advogado.
Polícia
Como a médica não registrou nenhuma ocorrência sobre agressão em alguma delegacia, Homero Mafra disse que pode ser contraditório. “Se houvesse risco efetivo, ela deveria levar [à polícia]. Ela deveria ser orientada a levar. É contraditório você dizer que vai preservar uma pessoa correndo o risco. Essa carta reflete aquele primeiro momento. Não há nenhum registro depois que Hilário saiu da casa. Não há registro de ameaça, nada. Essa carta registra aquele momento onde ele resistia ainda a separação”.
Separação
Segundo o advogado de Hilário, a separação do casal começou a ser discutida quando ele assumiu o cargo na Polícia Civil. “A questão da separação surge quando ele assume o cargo policial e só a partir daí se fala nisso. Ele assume em janeiro e a partir daí começam as divergências. A Milena se opunha a esse fato. Ele sai de um local, há uma diminuição de patrimônio, ele passa a viver um outro mundo, outro ambiente e aí há uma divergência do casal. A partir do momento que ele vai para a polícia é que o processo de separação se instaura”.