“Isso aí, velho, é Rio de Janeiro. É f…” Assim o subprocurador-geral da Justiça Militar Carlos Frederico de Oliveira Pereira, com seu linguajar costumeiro e com muitos palavrões, resume o quadro de segurança pública na capital fluminense. Carioca e eleitor de Jair Bolsonaro (PSL), diz que já viu “tiroteio e o cacete” no Rio e admite que ficou chocado com o episódio em que militares fuzilaram com 83 tiros o veículo onde estava o músico Evaldo Rosa dos Santos.
Apesar do espanto, o subprocurador escreveu um parecer – de cinco páginas – favorável ao fim da prisão preventiva dos nove militares presos após a morte de Evaldo e do o catador de material reciclável Luciano Macedo no mês passado.
“As pessoas estão muito assustadas, porque foi um caso gravíssimo, mas prisão preventiva é outra história. Se eles (os militares presos) soubessem que aquele carro era de pessoas que não eram bandidas, eles não fariam isso. Os caras não saíram de casa para matar os outros”, diz o subprocurador ao jornal O Estado de São Paulo.
O caso, que reacendeu a discussão sobre a atuação das Forças Armadas na segurança do Rio, pode ser discutido nesta semana pelo plenário do Superior Tribunal Militar (STM). “Eles são pessoas normais. É uma galera normal, como qualquer pelotão que você vê aí em qualquer quartel”, acrescenta o subprocurador.
Com fama de rígido, durão e “autêntico no limite” dentro da Procuradoria-Geral da República (PGR), Carlos Frederico conversou com a reportagem depois de dar uma aula de Direito Penal na Universidade de Brasília (UnB), na terça-feira, 30. É assumidamente conservador, mas diz que não sofre perseguição dos colegas. “Não era uma pessoa assim de direita e hoje em dia sou. Enchi o saco dessa p… de esquerdismo. Era tudo mentira para ganhar dinheiro e corrupção”, conta.
Ao lado de Bolsonaro, em quem votou no primeiro e segundo turno da última eleição, escreveu em 1997 um artigo intitulado Homossexuais nas Forças Armadas: Tabu ou Indisciplina?. À época, o professor observou que qualquer ato libidinoso dentro de instalações militares é ilícito, mas ressaltou que a criminalização da prática homossexual em si “não se justifica”. “Se o fato é inconveniente de acordo com a ótica administrativa, só pode ser tratado na órbita administrativa e não na penal. Aqui apenas como qualquer outro ato libidinoso”, ponderou.
Bolsonaro, por sua vez, afirmou que o “homossexualismo (sic) é uma aberração diante de Deus” e na carreira militar “um homossexual teria sua liderança comprometida onde se exigisse energia para o cumprimento da missão”. Procurado, o Planalto não se manifestou até a publicação deste texto.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.