Polícia

Em uma semana, pelo menos cinco casos de violência contra a mulher são registrados no ES

Em muitos casos, a vítima é agredida pelo próprio companheiro, que é motivado por ciúmes, traição e sentimento de posse; Só no começo deste ano, foram mais de 200 registros na Capital

Foto: Reprodução

Cada vez mais mulheres são vítimas da violência no Espírito Santo. Somente em uma semana, pelo menos cinco casos foram registrados na Grande Vitória e no interior do Estado.

No último dia 09, uma sargento foi agredida por um major, dentro do Hospital da Polícia Militar, em Vitória.  A vítima trabalha como enfermeira no local há 19 anos e disse que estava resolvendo um assunto com uma colega de trabalho, quando tudo aconteceu. O caso foi parar na Corregedoria da Polícia Militar e um exame de corpo de delito comprovou as agressões. O major foi preso, mas três dias depois, conseguiu um habeas corpus e foi solto.

No último dia 15, um homem de 48 anos foi preso suspeito de matar a cunhada, de 50 anos, no município de Boa Esperança, no Norte do Espírito Santo. A vítima teria sido assassinada a pauladas.

Já no dia 16 deste mês, uma jovem de 21 anos foi assassinada com um tiro no peito, dentro da casa onde morava com a avó, no bairro Jardim Primavera, na Serra. O namorado da vítima é o principal suspeito, já que no momento do crime, apenas a vítima, Marcela Rodrigues Barreto, e o namorado estavam no local.

No último dia 17, uma mulher de 38 anos foi morta a tiros, em Castelo, no Sul do Estado. O corpo foi encontrado em Mata das Flores, zona rural do município. A polícia descartou a possibilidade de latrocínio [roubo seguido de morte], já que, junto ao corpo de Juciléia Ferreira, foram encontrados documentos e dinheiro da vítima. Juciléia foi atingida por seis disparos no peito e na nuca. 

Ainda no dia 17 deste mês, um homem foi preso acusado de tentar matar a própria mãe no bairro André Carloni, na Serra. Roberto Cardoso Dutra, de 47 anos, teria discutido com a mãe, uma aposentada de 72 anos. Após a desavença, o homem tentou golpeá-la com um canivete no pescoço. A aposentada conseguiu desviar e acabou atingida de raspão, o que causou um ferimento superficial. 

Também no dia 17, uma mulher, casada com um português de 43 anos, fugiu do marido para não ser esfaqueada na Serra. O caso aconteceu no bairro Novo Horizonte. Segundo a polícia, a mulher ganhou um prêmio no valor de R$ 400 mil em um sorteio da loteria federal, o que pode ter sido o motivo do atentado. Após a esposa receber a quantia, o acusado teria ficado enciumado e, com uma faca, disse que a mataria. A mulher conseguiu correr até a casa da mãe, localizada no mesmo bairro, e ligou para a Polícia Militar para pedir ajuda. 

19 casos em 12 horas

Em junho deste ano, na noite após o jogo de estreia da Copa do Mundo de 2014, 19 casos de violência contra mulheres foram registrados em menos de 12 horas. Vitória e Vila Velha foram os municípios mais violentos.

Foto: Divulgação

Ciúmes e traição

O ciúme está entre os vários motivos que levam a mulher a ser agredida pelo companheiro. É o sentimento de posse que, segundo especialistas, acaba fazendo com que o homem não aceite a separação. Em muitos casos, isso acaba em agressão.

Homens que agridem a mulher por causa do vício no álcool, ou por não aceitarem a separação, são os principais motivos que levam as vítimas a registrarem ocorrência em Vitória. 

Para a delegada Arminda Rodrigues, na maioria dos casos de agressão, que chegam à Delegacia da Mulher, o sentimento de posse é o que leva o homem a partir para a violência. “Ele pensa que a mulher é propriedade particular dele, e isso vai gerar o ciúmes que termina na agressão física, uma ameaça e até tentativa de homicídio”, afirma.

Para o psicólogo Adriano Jardim, especialista em comportamento, a traição gera uma quebra de confiança que pode levar o parceiro a romper o relacionamento. É aí que a mulher, tanto nos casos em que ela é a infiel, quanto o parceiro, se torna vítima. “Ao trair, ele oferece a oportunidade para o outro de um comportamento agressivo, explosivo, que no ponto de vista da pessoa está justificado”, explica.

Mais de 23 mil medidas protetivas no ES

Criada em 2006, a Lei Maria da Penha busca proteger os direitos das mulheres, e tenta pôr fim à violência doméstica. Dados da Justiça Estadual mostram que, só no Espírito Santo, 23.328 medidas protetivas foram emitidas entre os anos de 2006 e 2013. Somente no ano passado, foram 7.895 deferimentos.

Além de mudanças na legislação, várias cidades tetam adotar novos mecanismos para inibir casos de agressão às mulheres, como por exemplo, o “Botão do Pânico”. O sistema completou um ano de existência em abril de 2014. O dispositivo de segurança que ajuda a proteger mulheres vítimas de violência doméstica foi implantado originalmente em Vitória e já está sendo adotado em outras cidades do Brasil.