Emoção, despedida e pedidos de justiça marcaram o enterro de Khetilla da Silva Santos, de 17 anos, que morreu no último sábado (28), após levar um tiro acidental disparo pelo namorado em Vitória.
Na manhã desta segunda-feira (30), dezenas de pessoas compareceram ao cemitério em Laranjeiras, na Serra, para se despedirem da adolescente.
Para a amiga Laura Coutinho, Khetilla vai fazer muita falta. “Foi um choque para todo mundo. Ela era muito alegre, gostava de todo mundo, não tratava ninguém mal”, conta.
O estudante Ruam Luiz conta que chegou a falar com a amiga, horas antes do ocorrido. “Estamos em choque. Cinco horas antes do ocorrido, eu falei com ela. Quando eu soube do que havia acontecido, eu liguei várias vezes para tentar falar com ela, mas não consegui. Ela era uma pessoa apaixonante”, diz.
Para o pai de Khetilla, Dorival Gomes Santos, a polícia precisa investigar o caso. Ele afirma que espera que outra “justiça” seja feita. “Não quero que paguem com a justiça, quero que paguem com Deus, porque não vou ter minha filha de volta”, afirma.
Emocionado, Doriva conta que será difícil viver sem a filha. “É muito triste, é uma dor que eu jamais gostaria de sentir. Foi uma filha de quem eu fui pai e mãe ao mesmo tempo, ela morou um bom tempo comigo. Uma coisa que eu jamais esperava que fosse acontecer”, desabafa.
Entenda o caso
Na noite do último sábado (28), Khetilla da Silva Santos, de 17 anos, chegou à casa do namorado no bairro Jabour, em Vitória. Segundo informações da família do rapaz, o casal ia para uma festa de aniversário. Enquanto os dois conversavam no sofá, Kethila disse que queria tirar uma foto com a arma do pai do garoto, que é policial militar.
O rapaz pegou a arma, uma pistola 380, tirou o pente, mas não percebeu que ainda havia uma bala, na hora de passar a arma para a namorada. Nesse momento aconteceu o disparo acidental. Desesperado, o jovem pediu ajuda para um vizinho. Os dois levaram a adolescente para o hospital São Lucas, mas ela não resistiu e morreu.
O pai da jovem, o operador de máquinas Dorivaldo Gomes Santos, ficou inconformado. “Ela era muito delicada, muito doce, é muito difícil. Um pai que é policial não pode deixar uma arma num lugar fácil para o filho. O pai tem 100% de culpa disso aí”, disse.
O policial Alexandre Oliveira também estava consternado com o que aconteceu. “Estou muito abalado, a família toda está abalada. Conheci a menina no sábado, estive com ela, ela me beijou”, conta.
A delegacia de Divisão de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) confirma a versão da família do namorado. O jovem confessou que foi o autor do disparo e foi autuado por homicídio culposo.
O velório da jovem aconteceu em Central Carapina, na Serra.
Corregedoria da PM investiga o caso
A Corregedoria da Polícia Militar vai abrir uma sindicância regular para esclarecer como a arma, de propriedade de um membro da instituição, foi usada pelo adolescente filho do policial militar. Além disso, a Corregedoria quer esclarecer se o policial omitiu, de algum modo, a guarda do armamento. O prazo para a conclusão da investigação da PM é de 30 dias.
Ainda nesta segunda-feira (30), o chefe da Delegacia Regional de Vitória, delegado Lauro Coimbra, vai encaminhar o inquérito para a Corregedoria da Polícia Civil, para decidir se o caso será investigado pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa ou pela Delegacia do Adolescente em Conflito com a Lei.