Um empresário de Vitória teve um prejuízo equivalente a mais de R$ 150 mil ao fazer negócio com um estelionatário que dizia ser assessor parlamentar. A vítima deu o dinheiro, em dólares, para o golpista que, em troca, lhe entregou uma maleta com R$ 200 mil. Porém, a maioria das notas era falsa.
O empresário, de 39 anos e que preferiu não se identificar, conta que realizou a transação nesta quinta-feira (09), em um hotel próximo ao Aeroporto de Vitória. Ele percebeu o golpe ao chegar em casa e, imediatamente, acionou a Delegacia de Defraudações (Defa).
“As notas de cima eram de verdade, mas as de baixo não eram. E, como a entrega foi rápida, não tinha como conferir tudo. E o pacote de dinheiro era lacrado pelo Banco Central”, contou a vítima.
Segundo o comerciante, o estelionatário disse que precisava comprar dólares, mas disse que não poderia fazer isso pessoalmente, já que trabalharia para um político. Para que o empresário aceitasse fazer a compra dos dólares, o criminoso ofereceu uma comissão de 10% sobre o valor negociado.
“Ele me ligou e disse que tinha um negócio interessamte e que viria para Vitória. Ele dizia que morava em Brasília e já tinha trabalhado como tesoreiro do Senado. Daí ele me falou que estava precisando de dólares, mas, como trabalhava com um político, ele não podia comprar esses dólares. Por isso, ele precisava que alguém fizesse isso. E ofereceu uma comissão de 10%”, contou.
Empréstimo
Como não tinha esse valor em mãos, o empresário pegou um empréstimo em um banco, a ser pago em 24 parcelas. Ele conta que aceitou a transação porque sua empresa, do ramo de panificação, está passando por dificuldades financeiras.
“Fiz um empréstimo junto ao banco para poder fazer esse negócio. A situação do país não está boa e a gente teve certos prejuízos com essa crise. Por isso a proposta me atraiu”.
A vítima conta que combinou de encontrar o golpista no hotel. Ao entregar cerca de 40 mil dólares, o empresário recebeu uma maleta de alumínio, com o dinheiro falso.
De acordo com o delegado Orly Grafa, da Defa, esse tipo de golpe tem ocorrido com frequência. Segundo ele, uma das características do crime é a pressa que o estelionatário tem em conseguir fechar o negócio.
“Nós estamos verificando as imagens, junto ao hotel, como também pessoas que podem ter anotado a placa do carro dele, para que a gente comece as investigações e possamos chegar a essa quadrilha. Acredito que outras vítimas também sofreram com essa quadrilha, que provavelmente age em todo o Brasil. Já tivemos casos semelhantes a esse aqui na delegacia”, destacou o delegado.
Na delegacia, o empresário, chorando muito, disse que a sensação era a mesma de comprar um carro de quase R$ 200 mil sem seguro e ser assaltado assim que saísse da concessionária. “Fiquei desesperado e pensei em um monte de coisa. Pensei na minha família e até em me matar”, lamentou.