A equipe de reportagem da TV Vitória/Record voltou à Jacaraípe, na Serra, nesta segunda-feira (18) para acompanhar o funcionamento da clínica denunciada por maus tratos a crianças e adolescentes em tratamento contra as drogas.
Segundo a única paciente do sexo feminino, que tem 42 anos, a clínica é “um inferno”. “Eu só queria ir embora. Eu estou boa. Eles estavam colocando remédio. Os pacientes ajudam na cozinha o dia inteiro”, afirmou.
Um adolescente, de 15 anos, e que há nove meses faz tratamento para tentar se livrar das drogas, desabafa. “Eu estava fazendo minha família sofrer demais. Sou adotado e meu pai estava sofrendo, e minha mãe com depressão por causa de mim. Eu queria fazer eles felizes e seguir uma vida boa”, conta.
O adolescente é o único menor de idade que continua na clínica vasculhada por policiais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), na última sexta-feira (15). Outros quatro, entre eles um menino de 10 anos, foram transferidos depois da operação acompanhada com exclusividade pela TV Vitória/Record. Depoimentos de pacientes convenceram o delegado quanto a veracidade das denúncias de maus-tratos praticados no local.
“Alguns adolescentes relataram a presença de cachorros soltos no pátio durante a noite e eles não poderiam sair do quarto. Ficariam de dois a três dias presos, o que a gente precisa comprovar”, afirmou o delegado Lorenzo Pasolini em entrevista no dia 15 de maio.
O advogado nega as acusações da polícia. “Para eles isso é um inferno porque eles não querem estar aqui. Eles querem estar na droga, no uso da droga. A partir do momento que eles entram em processo de abstinência, eles se revoltam, não querem realmente estar aqui”, afirma o advogado da clínica, Marcelo da Costa Santos.
O prédio particular, de dois andares, também conta com dormitórios coletivos, sala de TV, cozinha, gramado e até piscina.
Todas as internações são compulsórias, ou seja, determinadas pela Justiça. Por dia, de acordo com administradores, cada interno custa aos cofres públicos do Espírito Santo, cerca de R$ 180.
Em nota, a secretaria Estadual de Saúde (Sesa) informou que não compra serviços e nem possui convênio com a clínica. Informou ainda, que os pacientes foram internados por decisão judicial, sem aprovação da Sesa. Com isso, foi determinado pela Justiça que o Estado pague estas diárias.