O Departamento Médico Legal (DML) de Vitória ficou superlotado e a liberação dos corpos foi comprometida. Isso porque no local a capacidade para 36 corpos mas, nesta terça-feira (07), há 50 aguardando necrópsia. Familiares que esperam do lado de fora reclamaram da falta de informação e da demora para atendimento. Dados atualizados pelo Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Espírito Santo (Sindipol), apontam que já foram registradas 75 mortes entre a madrugada de sábado (4) e o início da tarde desta terça-feira na Grande Vitória.
Segundo o Sindipol, o DML está trabalhando com a capacidade de profissionais dobrada. São dois médicos legistas e quatro peritos auxiliares.
“Os policiais que estão trabalhando aqui estão dando o máximo, com uma sobrecarga de trabalho para tentar dar esse conforto para a família, de liberar os corpos para sepultamento. Infelizmente é um trabalho que tem que ter cautela justamente para dar um diagnóstico de qual foi a causa da morte”, disse o diretor do Sindipol, Aloísio Fajardo.
Diante da alta demanda, o Governo do Estado destinou oito vagas no Sistema de Verificação de Óbitos do Hospital São Lucas e mais cinco no Hospital Jayme Santos Neves, mas isso aumenta o tempo para a liberação do corpo.
“O corpo fica acomodado fora do DML. O familiar vem ao DML, é comunicado que o corpo se encontra fora, e ele volta ao hospital para reconhecimento. Se reconhecer, ele volta ao DML e uma equipe tem que trazer o corpo para ser feita a perícia e liberação”, explicou o presidente do Sindipol, Jorge Emílio Leal.
O mau-cheiro na entrada do DML já está forte. “A estrutura aqui é precária. Nós temos geladeiras que estão sem funcionar. Temos 48 espaços para geladeiras, mas uma está sem funcionar e só temos 36 em funcionamento. Então, existem corpos que estão no chão aguardando a liberação dos outros para irem para a geladeira”, afirmou o diretor do sindicato.
Famílias aflitas
O sobrinho de uma mulher, que prefere não ser identificada, está desaparecido desde o último domingo (5). Na noite de segunda-feira (6), a família recebeu uma foto dele morto, mas até agora não sabe onde o corpo do jovem está. “Ninguém sabe onde ele está. Não sabe se foi recolhido, se está no [Hospital] São Lucas, se está aí dentro [no DML]. Não pode entrar. Só pode entrar se tiver certeza que está aí dentro”, contou.
Situação parecida vive a cuidadora de idosos Vanderleia Correa. O sobrinho dela desapareceu na tarde de segunda-feira, no bairro Porto de Santana, em Cariacica. A família recebeu a notícia de que um jovem, com as mesmas características, deu entrada no DML, mas ela também não conseguiu fazer o reconhecimento. “Eles falam que está superlotado, sempre a mesma conversa. Enquanto a mãe dele está em casa chorando, nós estamos aqui sem resposta para poder acalmar o coração dela”, destacou.
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que o serviço do Departamento Médico Legal está funcionando normalmente. Segundo a nota, os corpos estão sendo liberados à media em que os familiares estão fazendo o reconhecimento e solicitando a liberação
