Um levantamento nacional revelou que o Espírito Santo é o Estado com a maior taxa de assassinatos de mulheres com arma de fogo da região Sudeste. Entre as mulheres assassinadas, mais da metade são negras.
A apuração do Instituto Sou da Paz foi realizada com dados do Ministério da Saúde, de 2022, e publicada na última quinta-feira (14).
Ainda segundo a pesquisa, a taxa é maior do que a média nacional. No Brasil, a cada 100 mil mulheres, 1,8 são mortas por disparos. Já no Espírito Santo, são 2,6 mortes.
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“O Espírito Santo está com uma taxa acima da média nacional. Não é uma das cinco maiores taxas do país, mas é a maior da região Sudeste. Então, isso nos chama a atenção para a necessidade do Estado de investir mais em prevenção contra todos os tipos de violência contra a mulher”, destacou a gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, Natália Pollachi.
Ainda segundo a gerente, outro dado que merece destaque se trata das diferenças raciais. Entre as mulheres assassinadas, 68% são negras.
“As mulheres negras são mais vitimadas em todo o país. Mas, no Espírito Santo, a taxa de mulheres negras assassinadas é o dobro da de mulheres não negras. Isso nos mostra a necessidade de mais medidas voltadas para esse público em específico”, completou.
Para conter a violência contra a mulher, algumas políticas públicas foram implantadas, como o botão do pânico e a Patrulha Maria da Penha. No entanto, segundo a socióloga Maria Angela Rosa, os desafios ultrapassam o limite legal.
“Historicamente, nós temos uma sociedade patriarcal e machista. Essa estrutura da sociedade é que produz essa violência. Se não desconstruirmos essa herança patriarcal, isso será repetido”, comentou.
Casos chocantes
No início deste mês, Erica da Conceição Silva, de 24 anos, foi assassinada por criminosos que passavam de carro. A mãe estava em casa, perto do local do crime, quando foi avisada que a filha havia sido morta. O crime aconteceu na região de Parque das Gaivotas, na Serra.
“Ela era aventureira, era sonhadora, queria muita coisa para a vida dela, mas não chegou a realizar isso”, comentou a mãe, emocionada.
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Em fevereiro, outra jovem, também de 24 anos, foi atingida por disparos no meio da rua, em Ilha dos Ayres, Vila Velha. Nos dois casos, ninguém foi preso.
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*Com informações do repórter da TV Vitória / Record Lucas Pisa.