Polícia

ES teve 34 ameaças de ataques em escolas em 2022

Informação foi confirmada pelo comandante da Companhia Especializada de Polícia Escolar (Cepe), capitão Eliandro Claudino de Jesus. Ele afirma que os números são preocupantes e acendem um alerta

Foto: JV Andrade

O setor de inteligência da Polícia Militar identificou, em 2022, 34 ameaças de ataques em escolas do Espírito Santo, além dos casos que se concretizaram, como os registrados em duas escolas de Aracruz, no Norte do Estado, em novembro. O crime deixou quatro mortos e 12 feridos.

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De acordo com o comandante da Companhia Especializada de Polícia Escolar (Cepe), capitão Eliandro Claudino de Jesus, os números são preocupantes e acendem um alerta.

Não encaramos nem uma frase em banheiro como uma brincadeira ou um trote, nenhum desses eventos nós encaramos como uma simples brincadeira. Todos nós levamos à máxima seriedade na apuração. Infelizmente alguns ainda não são possíveis de identificar a autoria“, frisou.

O comandante lembrou que no início do ano letivo de 2023, um aluno com intenção de promover um ataque em um escola no Estado foi identificado e impedido.

Os casos de ameaças e ataques criminosos em escolas não são uma preocupação apenas no Espírito Santo. Nesta quarta-feira (05), um homem de 25 anos invadiu uma creche em Blumenau, em Santa Catarina. Ao menos quatro crianças morreram.

Há pouco mais de uma semana, no último dia 27, um adolescente de 14 anos esfaqueou dois professores e um aluno em uma escola em São Paulo. A polícia acredita que a motivação do crime tenha sido o “bullying”. Uma professora morreu.

Desde o caso registrado em São Paulo, a Companhia Especializada de Polícia Escolar do Espírito Santo (Cepe) já identificou três ameaças em unidades de ensino capixabas.

Não estou falando para causar pânico ou para causar temor, pelo contrário, é para nós refletirmos que o problema está posto e nós precisamos discutir cada vez mais, para chegarmos a medidas mais protetivas, garantir pelo menos a proteção”, ressaltou o capitão.

Nesta terça-feira (04), um caso foi registrado em Guarapari. A polícia foi acionada após alunos relatarem aos pais que ouviram um adolescente de 17 anos fazer uma ameaça de morte em uma escola estadual.

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O pai de uma das alunas contou aos militares que a esposa recebeu uma mensagem da filha dizendo que ela e alguns colegas ouviram o aluno dizendo que faria um ataque na escola.

Outros pais, segundo a polícia, também ficaram preocupados e foram até a escola para buscar os filhos. Uma aluna, de 16 anos, chegou a desmaiar e precisou de atendimento de um profissional da saúde que estava no local.

Os policiais militares e a direção da escola se reuniram com a mãe do adolescente que teria realizado a ameaça e a informou sobre o ocorrido. A mãe e o estudante foram levados para a Delegacia Regional de Guarapari.

De acordo com a Polícia Civil, o adolescente assinou um Boletim de Ocorrência Circunstanciado por ato infracional análogo ao crime de ameaça e foi reintegrado à família. Os familiares assumiram o compromisso de comparecer ao Ministério Público, quando for solicitado.

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O comandante da Cepe lembrou que o tema é delicado e requer muito debate, reflexão e ações integradas.

Não é um tema com soluções simplistas. Envolve muita reflexão, muito diálogo e algumas mudanças de mentalidade, por assim dizer, ou quebras de paradigmas, principalmente quando nós precisamos abordá-lo de forma mais clara”, afirmou.

O policial explicou que as ações vão sendo construídas com o aprendizado das equipes que atuam nas escolas. 

Desde 2010, quando começamos essa atuação dentro das escolas, vem acontecendo um constante aprendizado de atuação da PMES junto às escolas do nosso estado. Um aprendizado porque realmente é um ambiente que merece toda atenção e merece a reflexão, dada a sua complexidade”, ressaltou.

Durante uma reunião ordinária da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa do Estado, nesta terça-feira (4), o presidente do grupo, deputado Delegado Danilo Bahiense (PL), destacou os sinais da violência nos ambientes escolares observados nos últimos anos e cobrou urgência na adoção de medidas.

Os sinais do crescimento da violência no ambiente acadêmico já vinham sendo dados, por meio de agressões verbais, físicas e psicológicas, com atitudes recriminatórias, vandalismo, desrespeito de alunos com os professores, bullying e com a criação de diversos mecanismos de interação através das mídias sociais”, frisou.

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Para prevenir mais tragédias nas escolas capixabas, o governo do Estado criou um Comitê Integrado de Segurança Escolar, em uma parceria entre as secretarias estaduais de Segurança (Sesp) e Educação (Sedu), voltado para o desenvolvimento de ações de prevenção e enfrentamento à violência.

O subsecretário estadual de Educação, André Melotti, disse que as ações integradas, que estão sendo coordenadas pela Sesp, contam também com a colaboração de outros setores.

Nós entendemos que esse é um projeto de governo. A partir disso, a Secretaria de Segurança Pública está desenvolvendo o projeto, com os nossos incrementos, junto com a Secretaria de Governo, para fazer um plano único, com as experiências de cada setor”, disse.

Foto: Thiago Soares/ Folha Vitória
Gabriel Barros

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Graduado em Jornalismo e mestrando em Comunicação e Territorialidades pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atua desde 2020 no jornal online Folha Vitória.

Graduado em Jornalismo e mestrando em Comunicação e Territorialidades pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atua desde 2020 no jornal online Folha Vitória.