A estudante Gabriela Bernardino dos Santos e o contador Maurício Sonegheti, foram condenados na última quinta-feira (03), no Fórum Criminal da Prainha, em Vila Velha, pela morte do universitário Rodrigo Lopes, de 20 anos, em 2008. Gabriela foi condenada a oito anos e seis meses de prisão, em regime fechado, e Maurício a seis anos de reclusão no regime semiaberto.
Gabriela e Maurício receberam o direito de recorrer da sentença em liberdade. Com a absolvição do júri popular pelo crime de trânsito, o atropelamento foi caracterizado, pelo Tribunal do Júri, como homicídio doloso, quando há intenção de matar.
Segundos dados dos documentos encaminhados à Justiça, o veículo que atropelou a vítima, estava sob o comando de Maurício, mas Gabriela, que não possuía Carteira Nacional de Habilitação (CNH), assumiu a direção do carro. O casal, de acordo com o inquérito policial, tinha ingerido bebidas alcoolicas.
A condenação pelo júri popular não contrariou a acusação, que indiciou o casal por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de que o crime ocorra.
Família comemora condenação
O julgamento começou na manhã da última quinta-feira (03), no Fórum da Prainha, em Vila Velha. O juiz Fábio Gomes e Gama Júnior leu a sentença depois da 21 horas. Os réus, Gabriela Bernardino dos Santos e Maurício Sonegheti, acompanharam a leitura de cabeça baixa.
O pai de Rodrigo, Guilherme Melgaço de Marcelos, comemorou a condenação da estudante e do contador, após seis anos de espera. “Nós saímos, de certa forma, vitoriosos. Não tão vitoriosos como a gente esperava, porque nós, como vítimas, sempre esperamos uma pena à altura do crime que eles cometeram. Mas graças a Deus nós tivemos uma vitória. Esse foi o primeiro caso de dolo eventual por acidente de trânsito envolvendo álcool no Brasil e é o primeiro caso de réus condenados”, afirma.
A irmã de Rodrigo, Mariana Lopes de Marcelos, garante que mesmo com a sentença, a dor nunca deixará de existir. “Muitas pessoas falaram para a gente desistir, que isso não ia dar em nada. A gente nunca vai deixar de sofrer, de sentir saudade pelo Rodrigo. É por ele que a gente fez isso tudo, é por ele que perdeu a vida aos 20 anos. É uma sensação de dever cumprido, de um peso tirado das costas, lutamos com o apoio da imprensa e dos amigos”, disse.
Entenda o caso
Segundo a polícia, a estudante de gastronomia Gabriela Bernardino dos Santos atropelou, no dia 30 de agosto de 2008, o universitário, que estava com um amigo encostado em um carro, em frente à loja de conveniência de um posto de combustíveis em Itaparica, Vila Velha.
Segundo testemunhas, Gabriela estaria bebendo cerveja com amigos no local, não sabia dirigir, mas mesmo assim teria entrado em um carro e realizado uma manobra brusca, conhecida como “cavalo de pau”. Rodrigo Lopes foi atropelado e morreu na hora. O dono do carro, o contador Maurício Joviano Sonegueti, também foi levado a julgamento.