Presa na noite de segunda-feira (20), em Vitória, suspeita de fornecer drogas para clientes de uma rede de prostituição da qual ela fazia parte, a modelo Flávia Tamayo, de 22 anos, mais conhecida como Pamela Pantera, estava no Espírito Santo para tentar captar mais clientes. Segundo a polícia, a suspeita participava de uma rede de garotas de programa de luxo, que tinha clientes de alto poder aquisitivo e que atuava no Distrito Federal.
De acordo com o delegado Rafael da Rocha Corrêa, titular da 1ª Delegacia Regional de Vitória, Flávia estava na capital capixaba desde a última sexta-feira (17). Segundo o delegado, a própria suspeita, que já foi capa de revistas masculinas como a Playboy de Portugal e a Sexy do Brasil e também já participou de filmes da franquia de filmes pornôs “Brasileirinhas”, admitiu que estava no estado para realizar programas.
“A informação que nós temos é de que essa cidadã veio para Vitória para captar nova clientela, tendo em vista que ela é uma garota de programa de luxo. Nós não temos nenhuma informação, até o presente momento, de que ela tenha algum tipo de envolvimento com o tráfico de drogas no Espírito Santo”, ressaltou o delegado, durante entrevista coletiva na tarde desta terça.
A rede de prostituição e distribuição de drogas da qual a modelo é suspeita de participação está sendo investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal. Segundo as investigações, a quadrilha vendia entorpecentes aos clientes que contratavam os serviços das garotas de programa.
“De acordo com levantamentos realizados pela Polícia Civil do Distrito Federal, a informação que nós temos é que ela fazia meio que um ‘combo’ de prostituição e venda de drogas, seja para consumo no momento da relação ou em momento posterior. Então ela funcionava, em um primeiro momento, como garota de programa, fornecendo drogas para essas pessoas que estavam contratando seus serviços, mas também há indícios de que ela também tivesse algo como tele-entrega de drogas na capital federal”, frisou Corrêa.
No mês passado, a Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou a Operação Rede, para combater essa rede de distribuição de drogas. Na ocasião, foram cumpridos 37 mandados de prisão e de busca e apreensão.
Flávia tinha um mandado de prisão preventiva em aberto por tráfico de drogas e associação para o tráfico, expedido há cerca de um mês, pela 1ª Vara de Entorpecentes do DF. Ela não foi localizada durante a operação na capital federal. No entanto, a Polícia Civil do Distrito Federal descobriu que ela estava no Espírito Santo e entrou em contato com a PC capixaba, que acionou a 1ª Delegacia Regional de Vitória.
A modelo foi detida na recepção de um hotel localizado na orla de Camburi, na capital capixaba, por volta das 23h40 de segunda-feira. Ela foi abordada por policiais civis do Espírito Santo logo após entrar no local. A ação foi registrada por câmeras de videomonitoramento do hotel.
“A partir do momento em que eles tiveram a informação de que essa pessoa estava em solo capixaba e em nossa capital, foi realizado contato comigo e nós começamos a fazer os primeiros levantamentos. Assim que nós descobrimos que ela poderia estar em um hotel da orla da Praia de Camburi, nós passamos a realizar levantamentos e, após cerca de oito a nove horas de diligências e campanas, nós conseguimos localizar e realizar o cumprimento do mandado de prisão preventiva contra essa cidadã”, ressaltou o delegado.
A abordagem foi feita pelo próprio titular da 1ª Delegacia Regional de Vitória, que estava acompanhado de outros policiais da unidade. “Nós já tínhamos a informação do horário em que ela poderia chegar ao hotel e já tínhamos a certeza do hotel em que ela estaria. Eu pessoalmente me posicionei do lado de fora do hotel, de forma que eu pudesse ter uma visão privilegiada da chegada dela”, contou.
O delegado-geral da Polícia Civil do Espírito Santo, José Darcy Arruda, destacou o trabalho conjunto feito entre as policiais civis capixaba e a do Distrito Federal. “As polícias civis hoje se falam, trocam informações. A partir do momento em que tomou-se conhecimento que esse alvo estava aqui no Espírito Santo, imediatamente a Delegacia de Capturas fez contato com a 1ª Regional. Da mesma forma, toda vez que nós precisamos também de apoio de outros colegas, de outras delegacias, imediatamente eles se colocam à disposição e nos prestam todo o serviço”, frisou Arruda.
Escândalo no hotel
Rafael Corrêa conta que, logo após abordar Flávia no saguão do hotel, dar voz de prisão a ela e informar que estava sendo cumprido um mandado de prisão contra a jovem, ela, em um primeiro momento, entrou em contato com a família e com um advogado. No entanto, ao ser informada de que seria levada para a delegacia, a modelo fez um escândalo na recepção do hotel e começou a tirar a roupa.
“Após o momento em que nós demonstramos que ela realmente deveria se dirigir para a sede da 1ª Delegacia Regional, foi aí que ela percebeu que realmente não tinha mais saída, que ela estava presa. Então, nesse momento, num lapso psicológico dela, ela levantou o vestido que ela estava usando. Ela não estava usando calcinha e levantou o vestido até a altura dos seios, e começou a gritar e a se debater no saguão do hotel. Havia, inclusive, alguns clientes na recepção. Nós conseguimos imobilizá-la, com a ajuda de uma policial do sexo feminino, e, após ela ser imobilizada, foi necessária a algemação e a condução para a 1ª Delegacia Regional para os trâmites administrativos específicos”, relatou o delegado.
Com a suspeita, os policiais encontraram uma pequena quantidade de maconha, que, segundo o delegado, era de uso pessoal, além de R$ 325 em dinheiro. Com Flávia, também foi encontrada uma cédula de dólar que ela afirmou aos policiais que utilizava para fazer uso de drogas.
“Nós tivemos acesso a um debulhador de maconha, que é um equipamento utilizado para deixar a maconha numa condição melhor para o consumo dela, com uma pequena quantidade dentro dele. E também encontramos uma cédula de 1 dólar, ‘de estimação’ dela, que era utilizada, em forma de canudo, para poder fazer o uso de cocaína”, disse Corrêa.
Também foi apreendido o aparelho celular da modelo, que pode conter informações importantes que ajudarão nas investigações realizadas pela Polícia Civil do Distrito Federal.
Na Delegacia Regional de Vitória, Flávia assinou um termo circunstanciado por posse de droga para uso pessoal, em função de ter sido encontrada uma pequena quantidade de maconha com ela. Como tinha mandado de prisão em aberto, ela foi encaminhada para o sistema prisional do Espírito Santo, onde permanecerá à disposição da Justiça do Distrito Federal.
“A comunicação da prisão dela foi feita de forma imediata. Nós ainda não temos conhecimento de um pedido de recambiamento, feito pela defesa dela, mas a Polícia Civil do Distrito Federal tem interesse de que ela seja recambiada para a capital federal”, destacou Rafael Corrêa.