Polícia

"Excesso não ficará impune", diz Casagrande sobre caso de jovem morto por PM no ES

No Twitter, o chefe do Executivo estadual afirmou que determinou ao comando da Polícia Militar a investigação sumária sobre o caso; entenda

Foto: Arquivo pessoal / Hélio Filho

Welinton foi morto por um policial militar; Casagrande determinou investigação sumária do caso

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, se pronunciou no Twitter na tarde desta segunda-feira (4) sobre o caso do jovem Welinton da Silva Dias, de 24 anos, morto por um policial militar na noite do último sábado (2). 

O crime aconteceu na região da Grande São Pedro, em Vitória. No tweet, o chefe do Executivo estadual afirmou que determinou ao comando da Polícia Militar a investigação sumária sobre o caso.

De acordo com a Controladoria-Geral da União, a Investigação Preliminar Sumária está regulada na Instrução Normativa nº 8, de 19 de fevereiro de 2020, e constitui procedimento de caráter preparatório, destinado a investigar falta disciplinar praticada por servidor ou empregado público federal, quando a complexidade ou os indícios de autoria ou materialidade não justificarem a instauração imediata de procedimento disciplinar acusatório. 

Vídeo mostra momento em que PM atirou em jovem

Imagens de uma câmera de segurança registraram o momento em que Weliton foi baleado por um policial militar durante uma ação no bairro São José, em Vitória. O caso aconteceu em uma região conhecida como Beco da Sorte.

No vídeo enviado ao jornalismo da Rede Vitória é possível ver o rapaz sozinho no local. De repente, um policial se aproxima. Weliton mostra a cintura e coloca as duas mãos na cabeça. É neste momento que o policial atira no rapaz. (Por ser uma imagem forte, o vídeo foi pausado neste instante).

Pouco tempo depois, outro militar se aproximou com um grupo de moradores. Testemunhas começaram a gritar por socorro e outro disparo foi ouvido.

Segundo moradores da região, Welinton levou dois tiros no peito. Eles afirmam ainda que os policiais não teriam permitido que a vítima fosse socorrida. Somente após a saída dos policiais, é que os próprios moradores teriam o levado para a Policlínica de São Pedro.

Revoltados com a ação policial, os moradores da região iniciaram um confronto com a polícia. Garrafas e outros objetos foram usados como arma. Os militares revidaram e efetuaram novos disparos de balas de borracha. Durante o conflito, um ônibus foi incendiado.

Um morador chegou a ser baleado na perna durante a confusão. Ele recebeu atendimento médico e já teve alta.

Boletim consta apreensão de arma com vítima

Segundo o secretário de Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp), coronel Márcio Celante Weolffel, no boletim de ocorrência sobre a ação consta que o rapaz estaria em posse de uma arma.

Foto: Divulgação/ ACSPMBMES

Nas imagens, no entanto, não é possível ver nenhuma arma com a vítima. O coronel afirma que qualquer resposta só pode ser passada após a apuração. A Sesp determinou a instauração de um inquérito para apurar o caso.

PMs envolvidos na morte de jovem são afastados

Os policiais militares que participaram da ação que terminou com a morte do jovem foram afastados preventivamente e de forma cautelar das atividades operacionais. A determinação é do secretário de Segurança Pública do Espírito Santo.

Os polícias também tiveram que entregar as armas utilizadas na ação para que sejam analisadas em um inquérito policial.

“Nós determinamos ao comandante-geral da Polícia Militar, a instalação do inquérito policial militar para averiguação e investigação de todas as circunstâncias do fato ocorrido na data de ontem (sábado), o recolhimento das armas dos polícias militares para que façam parte das apurações e o afastamento preventivo cautelar dos policiais militares das atividades operacionais”, disse o coronel Celante.

Segundo o secretário, a apuração do caso deve durar 60 dias. Durante este período, os polícias vão trabalhar nos setores administrativos.

Associação dos Cabos e Soldados da PM diz que vai prestar apoio aos militares afastados

Na manhã desta segunda-feira (04), a Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo (ACSPMBMES) disse, por meio de nota, que dará o suporte necessário aos policiais afastados.

“Sobre o caso é importante ressaltar alguns pontos: a região é conhecida por ser um local de intenso tráfico de entorpecentes e crimes contra a vida; o indivíduo foi encontrado com uma metralhadora na bandoleira (equipamento para quem utiliza armas longas); diante da situação, o policial teve milésimos de segundos para a tomada de decisão e precisou considerar todas essas questões, além de estar sob a pressão da atividade”, afirma a nota.

O presidente da associação, cabo Eugênio, declarou que, de acordo com o boletim de ocorrência, Weliton estava com uma metralhadora na bandoleira. Os disparos efetuados contra ele, segundo o cabo, foram realizados como parte da técnica de fatiamento, usada quando o militar se vê em perigo iminente.

“Na ocorrência em questão, o indivíduo fez um movimento que levou o policial a crer que o indivíduo atiraria contra o ele. Em respeito às normas vigentes, e para assegurar a sua vida, o policial militar efetuou dois disparos contra o indivíduo, conforme doutrina praticada na PMES, assim o indivíduo caiu no chão e foi possível aproximar-se dele para recolher o armamento. Por isso, considerando as circunstâncias desse caso, a ACSPMBMES dará todo o apoio necessário aos policiais militares afastados”, declarou.

*Com informações da TV Vitória/Record TV.