Os familiares do adolescente que foi agredido por seguranças no Terminal de Campo Grande, em Cariacica, afirmaram que ficaram satisfeitos com a decisão da Justiça, mas disseram que isso não vai mudar o destino que o jovem teve. As agressões aconteceram em 2012, e este ano uma companhia de transporte de Vitória e uma empresa de segurança foram condenadas, solidariamente, a indenização em R$ 15 mil.
Quatro anos após o crime, a mãe do menor resolveu falar sobre o caso. “As imagens são muito fortes. Ontem eu vi novamente, e nem consegui dormir. Aquilo ali vai ficar para sempre gravado na minha memória”, afirmou Dalva Silva.
No dia das agressões, um passageiro registrou toda a ação com um celular. A confusão teria começado em uma fila do terminal. Quem fez o vídeo relatou que os meninos começaram a brigar por causa de um boné. Os seguranças interviram, levaram os dois para sentar em um banco, onde foram agredidos.
Os pais da vítima, que na época tinha 14 anos, só ficaram sabendo da confusão quando estiveram no hospital. “Um dia antes, eu recebi um telefonema do Hospital Infantil de Vila Velha dizendo que o meu filho estava lá. Eu saí imediatamente de casa, com o pai dele, e fomos para lá. Quando chegamos, ele estava todo quebradinho em cima da cama. Eu perguntei o que havia acontecido e ele disse que apanhou do segurança no terminal. Eu nem acreditei que um segurança poderia fazer isso”, contou.
“Meu filho ficou fraco e não aguentou. Ele se tornou uma pessoa revoltada”, relatou a mãe
No dia seguinte, Dalva viu no Balanço Geral a existência das imagens que mostraram o momento em que o filho e um amigo foram agredidos. “No outro dia eu vi no jornal que era verídica a história que ele me disse. Se eu passasse na televisão fazendo aquilo com o meu filho, eu tenho certeza que eu estaria presa até hoje por tortura. Vendo os seguranças baterem, eu me senti frágil, sem poder fazer nada”, destacou.
Eles superaram o problema, mas quando pensaram que tudo estava bem, um segurança do terminal de Cariacica foi assassinado com três tiros na cabeça enquanto trabalhava. A suspeita da polícia, na época, era de que o jovem fosse o criminoso. “Realmente a polícia invadiu a minha casa falando que ele tinha cometido um assassinato. O levaram e eu fui atrás. Realmente o acusaram, ele ficou preso 48 dias e como nada foi provado ele foi solto”.
Revolta
Por conta das agressões sofridas e da suspeita de assassinato, segundo a família, o adolescente se revoltou e mudou completamente. “Meu filho ficou fraco e não aguentou. Ele se tornou uma pessoa revoltada. Ficava só na rua e depois começou a usar muita droga, cometer pequenos furtos e fazer muita coisa errada mesmo”, disse a mãe.
Um dia o menor sumiu e não deu mais notícias para a família. “Ele sumiu numa segunda-feira e eu encontrei o corpo numa sexta-feira, no DML. Mãe sente, e eu senti. Ele se envolveu com muita coisa errada e acabou sendo assassinado”.
Sentença
Nessa semana, a Justiça deu a sentença do caso de Luiz Fernando. “O dinheiro não paga as porradas e os socos que o meu filho levou, mas eu processei não pelo dinheiro, mas rico só sente quando mexe no bolso”, relatou.
O advogado da família disse que vai recorrer da decisão, não pelo valor, mas pelas consequências. Segundo ele, o valor é muito baixo para fazer as empresas refletirem sobre os profissionais que contratam e atuam na área de segurança.
A assessoria da Ceturb-GV informou que já foi notificada e vai dar os encaminhamentos jurídicos cabíveis ao caso. A produção da TV Vitória tentou contato com a empresa de segurança diversas vezes, mas não obteve uma resposta. O Tribunal de Justiça informou que ainda cabe recurso das empresas no processo.