Polícia

Família de paciente estuprada em clínica psiquiátrica do ES não foi avisada do crime, diz advogado

Mulher relatou à Polícia Civil que foi abusada sexualmente por outro paciente, que a assediou quando ela estava sob efeito de remédios

Foto: Divulgação/Sesp

A família da paciente que foi estuprada no último sábado (14) por um homem numa clínica psiquiátrica, em Vitória, afirma que não foi avisada em nenhum momento sobre o crime. A informação é do advogado Israel Domingos Jorio, que representa a vítima. 

“A clínica não entrou em contato com a família da paciente. A situação foi descoberta porque a irmã dela foi visitar na manhã de domingo (15) e se surpreendeu com as viaturas policiais estacionadas perto da clínica. Foi aí que ela (a irmã) ficou sabendo do que tinha acontecido”, garantiu o advogado. 

De acordo com ele, a mulher de 38 anos estava internada há 30 dias para tratamento. Ela contou que no sábado, depois de medicada, foi dormir. “Nessas clínicas, as portas não ficam trancadas para que haja monitoramento dos pacientes. Outro paciente teve acesso ao quarto e se deitou na cama dela e ela diz que, por volta da meia-noite, acordou com ele já cometendo abuso”, relatou. 

O advogado disse que a mulher procurou ajuda no posto médico da própria clínica. Ela foi medicada e orientada a voltar a dormir. “Apenas às 3h da manhã, ela foi acordada para ser levada para um hospital. A equipe do hospital acionou a Polícia Militar por se tratar de uma vítima de abuso sexual. Seguindo o protocolo, ela chegou a tomar remédios para protegê-la de Infecções Sexualmente Transmissíveis.

“Somente às 8h30 de domingo, a família soube o que aconteceu porque a irmã dela foi fazer uma visita. A família do acusado já estava na clínica, enquanto os parentes da vítima não estavam sabendo. Mais uma vez, reforço que a família da paciente não foi comunicada”.

O advogado disse que procurou representantes da clínica a fim de esclarecimentos. “Conversei com a clínica e o diálogo foi zero. A pessoa que se apresentou como responsável disse não saber de nada. Além disso, foi oferecida alta médica à paciente após o episódio”, acrescentou.

LEIA TAMBÉM: Motorista suspeita de atropelar e matar ciclista em Camburi passa por consultas psiquiátricas

O advogado está acompanhando o processo de investigação da Polícia Civil. “Não estamos em busca de crucificar pessoas. Eu quero a apuração nos mínimos detalhes. Vamos acompanhar a apuração da polícia, que a nosso ver, está muito minuciosa e atenta. Se houver omissão ou tentativa de acobertar o caso por parte da clínica, iremos tomar medidas cabíveis”, explicou.

A paciente está em observação em casa, sendo assistida por uma cuidadora. 

O que diz a Polícia Civil

A Polícia Civil informou que o suspeito, de 43 anos, foi conduzido à Delegacia de Plantão Especializado da Mulher (PEM) de Vitória, no último sábado (14). Ele foi autuado em flagrante por estupro de vulnerável. Assim que receber alta médica, será encaminhado para o Complexo de Xuri, em Vila Velha. A assessoria informou que não tem acesso ao boletim médico de pessoas internadas.

O que diz a clínica

A clínica psiquiátrica, que fica no bairro Joana D’Arc, foi procurada para responder sobre o caso e, também, sobre o relato da paciente. A clínica informou que irá se posicionar apenas por meio de sua assessoria jurídica. Diante disso, a reportagem solicitou contato dos advogados responsáveis mas a clínica não quis repassar.