Polícia

"Ele era agressivo com ela na frente de todos", diz família de mulher assassinada pelo ex em Colatina

O professor de educação física Áureo Monteiro Nunes Neto, de 51 anos, assassino confesso do crime, foi preso em flagrante

Foto: Reprodução TV Vitória

Uma mulher, de 31 anos, cheia de sonhos, teve a vida destruída pela violência. Analine Francisco foi assassinada na última segunda-feira (16) por volta das 23 horas, no bairro Carlos Germano Naumann, em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo. A família dela afirma que o ex-companheiro de Analine, o professor de educação física Áureo Monteiro Nunes Neto, de 51 anos, assassino confesso do crime, era agressivo com a vítima na frente de todos. 

No dia do crime, Analine estava no quarto, discutindo com o suspeito devido a ciúmes e tentando se defender. Conforme apurou a polícia, na casa também estava a principal testemunha do crime, o filho do suspeito, de 17 anos. Segundo o depoimento do adolescente, o pai saiu do quarto, foi até a cozinha, pegou uma faca, voltou para o quarto e esfaqueou Analine.

Logo depois, ele saiu do cômodo, pegou um rodo e um pano e limpou todo o ambiente. O assassino obrigou o jovem a entrar no veículo da família e saiu dirigindo pelo bairro, para tentar comprar uma arma de fogo. 

O objetivo do homem era tirar a própria vida. A família de Analine acredita que ele mataria também o próprio filho. Áureo Monteiro foi preso minutos após o crime, tentando comprar uma arma de dois homens. Já o adolescente foi resgatado. A polícia encontrou o corpo de Analine no quarto do casal.

Velório

O velório e enterro da vítima aconteceram na região de Governador Lindenberg, no interior do Espírito Santo. Analine tinha uma família grande, e todos já sabiam que ela era vítima de violência. 

Os familiares avisaram diversas vezes para que a vítima saísse do relacionamento, que começou logo no início da pandemia, há cerca de três anos. Contudo, a mulher acabou dando outras chances para o companheiro.

“A gente não entendia como que ela aceitava, porque a gente sempre fica com aquele negócio, que a vítima tem que denunciar, a vítima tem que sair fora, a vítima tem que ir embora. Só que a gente não entendia porque ela não conseguia fazer isso, era uma menina muito valente, muito forte, nunca deixou ninguém falar com ela, nunca deixou ninguém mandar nela, é da personalidade dela. Então, a gente estranhou também quando ela estava nesse relacionamento abusivo. Teve um momento que aconteceu a agressão física e ela voltou pra ele, então, a gente não entendia muito. Pode perguntar para qualquer pessoa, ele sempre foi abusivo na frente de todo mundo”, contou Mariana Setda, prima da vítima.

Essa foto mostra o olho roxo e o rosto inchado da vítima. Foi no dia da primeira agressão sofrida pela mulher, cometida na frente de muitas pessoas.

“Foi em um bar. Muitas pessoas presentes, não só a família, mas os clientes do bar viram. Ele jogou ela no chão, foi feio mesmo. Depois ele falou: ‘Não, ela escorregou e caiu, bateu a cabeça no meu joelho’. Tipo de explicação que a gente sabe que é absurda, mas muita gente presenciou. Essa agressão foi logo no início”, disse a prima.

A família de Analine acredita que aconteceram outras situações e que a vida da mulher entre quatro paredes era um inferno.

“Só que ela morava em outro lugar. Ela tinha uma casinha no quintal, trabalhava. Ela foi morar com ele, não podia trabalhar, não podia mais estudar. Ele oferecia tudo, mas no final ela não tinha nada. Coisas assim: você tem celular, você tem roupa, você tem casa, mas você não pode mexer no celular do jeito que você quiser, você não pode comprar roupa que você quiser, usar a roupa que você quiser e você não pode receber seus amigos na sua casa. Ela já não tinha amigos, ele não permitia que ela saísse com amigas”, contou.

O homem confessou o crime e já foi preso. Analine deixou um filho de 15 anos e uma família despedaçada. 

“Então, o que a gente quer é que realmente ele apodreça lá, que seja punido, que ele tenha a punição que ele merece, proporcional ao crime que ele cometeu. E que ele sinta no coração dele, pro resto da vida dele, a gravidade do que ele fez. Era uma menina muito alegre, muito amada. Ela deu a chance a ele, de ser amada e de amar ele também, e ele desperdiçou isso”, disse a prima.

Autuado em flagrante por feminicídio

Em nota, a Polícia Civil informou que o suspeito, de 51 anos, conduzido à Delegacia Regional de Colatina, foi autuado em flagrante por homicídio qualificado por motivo fútil, contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (feminicídio).

Áureo Monteiro foi encaminhado nesta manhã de quarta-feira (17), para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Colatina. Em depoimento, o suspeito confessou o crime e alegou que a motivação foi por ciúmes.

*Com informações da repórter Marla Bermudes, da TV Vitória/Record TV