Polícia

'Gatos' de energia no ES em 2017 abasteceriam toda a população de Cariacica

Segundo a EDP Espírito Santo, número de 'gatos' registrados no Estado este ano aumentou 15% em relação ao ano passado

'Gatos' de energia no ES em 2017 abasteceriam toda a população de Cariacica
Quantidade de ligações clandestinas flagradas neste ano no Estado aumentou 15% em relação ao ano passado

O número de casos de furto de energia – prática popularmente conhecida como “gato” – registrados em todo o Espírito Santo de janeiro a novembro de 2017 aumentou em 15%, em comparação com o mesmo período ano passado. De acordo com a EDP Espírito Santo, concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica no Estado, em 11 meses foram flagrados quase 30 mil ligações irregulares de energia. Para se ter uma ideia, o volume de energia furtada daria para abastecer, por um mês, todo o município de Cariacica.

A concessionária, no entanto ressalta que o aumento do número de casos não significa, necessariamente, que tem mais gente fazendo gato. Segundo a EDP, foi a fiscalização que aumentou. Da central de fornecimento, os técnicos têm condições de acompanhar a quantidade de energia que passa por cada relógio de medição. Caso eles notem algo suspeito, uma equipe da concessionária vai até o local investigar a possível irregularidade.

“Atualmente a gente conta com um número de unidades consumidoras com medição remota muito maior que a gente contava alguns anos atrás. A gente está com quase 90 mil unidades monitoradas remotamente. Isso permite que a gente tenha um tempo de reação menor. Então as leituras, em vez de acontecer uma vez por mês, com leiturista, elas acontecem em períodos de intervalos muito menores. E, com esses intervalos menores, a gente consegue diagnosticar eventuais problemas com muito mais facilidade”, destacou o gestor executivo da EDP Espírito Santo, Evandro Scopel.

Os técnicos da concessionária identificam dois tipos de furto de energia: por meio de ligação clandestina, quando a energia é puxada direto da rua, ou pela manipulação do leitor, de forma que ele registre menos do que realmente é consumido. Segundo o executivo, os dois tipos de furto são considerados crime e ainda colocam as pessoas em risco.

“O maior problemas que a gente enxerga é a vida. O risco de se mexer com energia sem ter a preparação, sem ter os cuidados e ferramentas adequadas é um risco grande de vida, tanto aquele que faz a ligação nos postes, que tem o risco de queda e o risco de choque, quanto aquele que mexe no próprio padrão de entrada. A gente não recomenda que faça isso. Não é nem por questões só da energia. É pela questão da vida do próprio cliente, que está em risco”, afirmou.

Gato em Itapoã

Jamilson foi flagrado realizando uma ligação clandestina no prédio onde mora, em Itapoã

Um morador de Itapoã, em Vila Velha, que trabalha como técnico eletricista, não acreditou que a fiscalização fosse assim tão rígida e acabou sendo preso duas vezes seguidas por furto de energia elétrica. 

Jamilson Batista dos Santos, de 50 anos, foi preso pela primeira vez na última quarta-feira (27). Técnicos da EDP removeram o relógio do apartamento onde mora porque ele estava com contas atrasadas. Ao notar que estava sem energia, Jamilson foi até a garagem e fez uma ligação clandestina.

O técnico eletricista foi preso, mas pagou R$ 2 mil de fiança e foi liberado. De volta para casa, Jamilson novamente ligou a energia de maneira irregular e, no dia seguinte, acabou preso novamente. Dessa vez, a fiança foi de R$ 5 mil, que ele não pagou e acabou indo para o Centro de Triagem de Viana. No entanto, por decisão da Justiça, ele já foi liberado.

Evandro Scopel ressalta que, além de responder criminalmente, quem furta energia elétrica responde a um processo administrativo. “Ele não vai deixar de pagar aquela energia. A gente vai cobrar, vai fazer todos os cálculos, vai apresentar e vai fazer a cobrança normalmente, além dos problemas que podem ter na esfera criminal”, frisou.