Polícia

Inspetores penitenciários se envolvem em briga em restaurante e dão coronhadas em portuário

Homem agredido precisou de atendimento médico após receber duas coronhadas. Inspetores disseram que foram os clientes que teriam dado início à confusão. Caso será investigado pela Corregedoria.

Foto: Cleidson Oliveira

Quatro inspetores penitenciários se envolveram em uma confusão na noite do último sábado (13) em uma rede de fast-food na Reta da Penha, em Vitória. Os servidores brigaram com clientes em um restaurante e deram duas coronhadas em um dos clientes do estabelecimento. 

De acordo com o Sindicato dos Inspetores Penitenciários do Espírito Santo (Sindaspes), os inspetores estavam voltando de um evento no aeroporto, que teria terminado por volta das 23h30. Ao chegar no restaurante, um dos inspetores teria sido agredido por um dos clientes que estaria “olhando insistentemente para um dos inspetores que estava sentado utilizando o celular”.

Na versão da categoria, o homem teria dado um tapa no rosto do inspetores sem qualquer motivo e, vendo o colega ser agredido, os outros inspetores entraram na briga para defende-lo.

Em determinado momento, um dos inspetores sacou a arma e deu duas coronhadas em um dos rapazes. A Polícia Militar foi chamada e precisou intervir. Os quatro inspetores e um outro rapaz que também teria se envolvido na briga foram encaminhados para a delegacia, mas todos eles foram liberados.

“Fui covardemente atacado”, conta rapaz agredido

Já a versão de um dos homens agredidos, foram os inspetores que teriam dado início à confusão. O auxiliar portuário Cleidson Ferreira de Oliveira, de 31 anos, contou que foi agredido por um grupo de inspetores penitenciários ao tentar apartar uma briga que acontecia dentro de uma lanchonete fast-food, no início da madrugada do último sábado (11), na Reta da Penha, em Vitória.

De acordo com o relato da vítima, ele teria saído de uma festa acompanhado da namorada e de amigos, quando parou próximo da calçada da lanchonete para aguardar a chegada de um veículo de aplicativo. “Ficamos aguardando o motorista chegar. De repente, um amigo surgiu gritando que meu primo estava sendo agredido dentro da lanchonete. Na hora eu não pensei duas vezes e corri para tentar apartar a briga e salvar meu primo”, explicou.

Cleidson contou que não conseguiu saber a motivação do ataque. “Eu fui covardemente atacado a socos e pontapés. Além disso, um deles me desferiu duas coronhadas na cabeça. Eu precisei ser levado ao médico e fiz uma tomografia”, contou.

De acordo com a vítima, ele só teria descoberto que os agressores seriam inspetores quando chegou para prestar depoimento na delegacia. “Na delegacia, eu descobri que todos eles estariam voltando de uma festa, quando por algum motivo, que ainda não sabemos, eles teriam iniciado essa confusão com o meu parente. Eu me senti um lixo, injustiçado. Eu saí para comemorar o aniversário da minha namorada e o que deveria ser uma festa, acabou em pesadelo”, disse.

Cleidson disse que foi encaminhado junto com o grupo para uma delegacia da região. No local, os inspetores prestaram depoimento e foram liberados. Já Cleidson, saiu do local como investigado. “A minha maior dor é essa. De vítima passei a ser investigado. Eu tenho chorado muito. Chorado pela dor da injustiça. Se não bastasse meus machucados, estou me sentindo injustiçado”, desabafou.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) informou na manhã desta segunda-feira (13) que todos os envolvidos foram encaminhados ao Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) para esclarecimentos. A Sejus ressaltou que uma apuração será realizada pela Corregedoria para investigar as circunstâncias do fato.

O Sindaspes disse que “em momento algum, a referida arma foi utilizada para ameaçar pessoas e permaneceu travada durante o ocorrido. Nenhum disparo foi realizado durante a briga e o servidor que portava a arma, não havia ingerido qualquer tipo de bebida alcoólica, no dia dos fatos, mostrando equilíbrio e preparo para portá-la”.