Um homem, identificado como Vandeclei Silva do Nascimento, de 39 anos, foi preso por suspeita de extorsão. Segundo a polícia, o suspeito extorquiu o valor de R$ 300 mil, nos últimos três anos. A vítima era um amigo do suspeito, um engenheiro de 66 anos.
Segundo o delegado Brenno Andrade, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), Vanderclei inventou para o amigo que teve o celular roubado e que, no aparelho, havia imagens e informações de que o engenheiro era pedófilo.
“O Vanderclei teria entrado em contato com a vítima, narrando que teve o seu telefone celular furtado e, para isso, pediu a um delegado da Polícia Civil, amigo dele, que recuperasse esse telefone. Durante a recuperação desse telefone, esse delegado de polícia teria matado dois criminosos. Então agora era necessário o Vanderclei pagar uma quantia em dinheiro para aliviar, digamos assim, junto com o promotor e o juiz, ou seja, para o delegado ser absolvido. E aí o Vanderclei falou com a vítima que supostamente teriam imagens que poderiam levar a vítima a responder por um crime de pedofilia”, explicou o delegado.
Segundo Andrade, mesmo sem ter cometido o crime de pedofilia, o engenheiro ficou com medo de que algo pudesse acontecer com ele e a família e atendeu à exigência do suspeito, começando a realizar os depósitos. Ao longo de três anos, foram R$ 300 mil de prejuízo. “A vítima ia sempre depositando os valores, de forma pulverizada, durante esse período. Em certo momento, ela não aguentou mais e compareceu à delegacia”, disse Brenno Andrade.
As investigações apontam que, durante o período em que extorquiu a vítima, Vanderclei inventou a morte do delegado e depois começou a fingir que era advogado do suposto delegado. Ele também teria se passado por juiz e promotor.
“Era uma coisa até meio absurda, mas a vítima se deixou envolver por aquilo, tomada pelas ameaças. E aí não cabe a gente fazer juízo de valor, pelo fato dela ter caído ou não. Nossa obrigação aqui é investigar. O fato foi investigado, chegamos a essa conclusão e mais uma pessoa vai ser indiciada e encaminhada para o poder judiciário”, ressaltou o titular da DRCC.
Filha assassinada
Um detalhe que chamou a atenção da polícia é o fato de Vanderclei ser pai da adolescente Karolini Vitória, encontrada morta às margens da Avenida Serafim Derenzi, em Vitória, no fim de setembro. O corpo de Karolini foi encontrado com as mãos amarradas e várias marcas de tiro pelo corpo.
Entretanto, o delegado afirmou que a Polícia Civil ainda não descobriu se a morte de Karolini tem relação com o crime de extorsão praticado pelo pai. “Ele é pai de uma menina que foi, infelizmente, assassinada há pouco tempo. No entanto, a princípio, não tem nenhuma ligação um fato com o outro”, frisou.
De acordo com as investigações, o dinheiro que Vanderclei extorquiu do amigo era repassado para contas de terceiros. Por isso, a polícia vai investigar a possível participação de outras pessoas no crime de extorsão.
“Ele achou por bem efetuar os depósitos em contas de terceiros. Inclusive a gente está verificando se esses terceiros têm participação no fato ou se apenas emprestaram a conta com uma desculpa por parte do Vanderclei”, pontuou Andrade.
O suspeito prestou depoimento na Delegacia Patrimonial de Vitória e será encaminhado para o Centro de Triagem de Viana.