“Ele sempre tentava me culpar por tudo o que fazia. Ao mesmo tempo que falava que eu era o amor dele, dizia que ia me matar”. Assim que a estudante de Vila Velha, vítima de ameaças do ex-namorado, descreve o relacionamento de quatro anos.
Em entrevista ao jornal online Folha Vitória, na tarde desta quinta-feira (25), ela relatou que o homem, de 23 anos, já havia demonstrado um comportamento diferente em outras ocasiões, mas não imaginava que ele seria capaz de ameaçá-la de morte.
Segundo a jovem, eles já terminaram outras vezes e, em uma delas, o rapaz chegou a arranhar o carro de um amigo por ciúmes. Quanto ao último término, que aconteceu há cerca de um mês, ela conta que tomou a iniciativa após descobrir que ele estava levando uma vida que a jovem não concordava.
“Nós já tivemos outros términos. Em um deles, um amigo meu, que ele já conhecia, estava na minha casa. Quando ele soube, veio até aqui e arranhou o carro dele todo. Dessa vez, nós terminamos porque eu levei o celular dele para consertar e quando busquei descobri por umas mensagens no WhatsApp que ele estava fazendo coisa errada Depois disso, falei que queria terminar e ele começou a falar que eu era o amor da vida dele, depois mandou mensagens pra minha mãe também. Falava que eu era o amor dele e ao mesmo tempo mandava mensagem dizendo que ia me matar”, contou.
Na última terça-feira (23), ele foi até o condomínio que a jovem mora com os pais, em Vila Velha, interfonou para o prédio e começou a gritar. Ela contou que o pai, ao ver o que estava acontecendo, imediatamente desceu até a portaria.
“Meu pai trabalha o dia todo e foi Deus que permitiu que ele estivesse em casa no dia. O interfone tocou, atendi e ele já começou a gritar e me xingar, então falei com meu pai. Ele desceu, mas rodou o quarteirão todo primeiro e não o encontrou. Quando estava voltando, viu ele com um facão na cintura, aí foi a hora que disse que ia me matar”, relatou a vítima.
Depois das ameaças, ela conta procurou a Delegacia da Mulher de Vila Velha, registrou um Boletim de Ocorrência a agora espera que a medida protetiva seja deferida. Enquanto isso, a jovem fez um pedido de “visita tranquilizadora” da Polícia Militar, mas continua com medo das ameaças.
“Hoje eu não sai de casa e nem vou sair. Não vou fazer nada porque estou com medo, meus pais também estão com medo e não quero preocupar eles. Eu nunca imaginei que fosse chegar nesse ponto. Eu tentei levar, fui empurrando, mas se ele não quer mudar, não tem quem faça isso. Sempre que a gente terminava, ele ficava com raiva, mas nunca chegou a fazer isso”, concluiu.
Encorajamento
A estudante contou ainda que recebe mensagens do ex-namorado desde o término do namoro, mas apagou boa parte delas e tomou a decisão de denunciar quando ele foi até a casa dela. Para a jovem, muitas mulheres deixam de denunciar as agressões e ameaças que sofrem dos parceiros por medo, principalmente do que as pessoas vão achar.
“Quando eu fui na delegacia encontrei com mais quatro meninas que também estavam sendo ameaçadas. Muita gente fica com medo de expor por não saber o que os outros vão pensar, mas nós estamos em uma época que as mulheres, graças a Deus, estão muito unidas. Se cada uma que está passando pelo o que passei tivesse coragem de denunciar, esses casos diminuiriam bastante. Não tem que ficar com medo. Tem que ter coragem e denunciar porque nós nunca estamos sozinhas”, aconselhou.
Segundo a Polícia Civil, o caso segue sob investigação da Delegacia Especializada da Mulher (Deam) de Vila Velha.
