Na cadeia

Justiça nega libertar casal acusado de furto milionário a banco no ES

Eduardo de Oliveira e Paloma Tolentino foram presos quando fugiam com R$ 1,5 milhão roubados de agência em Vitória

Arte: Folha Vitória
Arte: Folha Vitória

A Justiça do Espírito Santo negou o pedido de liberdade Eduardo Barbosa de Oliveira, 43 anos, e Paloma Duarte Tolentino, 29, acusados de um furto milionário em uma agência do Banco do Brasil, em Vitória, em novembro do ano passado.

A decisão foi divulgada nesta quarta-feira (19), assinada pelo juiz Daniel Peçanha Moreira. Além do pedido de liberdade, o magistrado também negou a transferência de Paloma para a prisão domiciliar.

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O casal segue detido em um presídio em Santa Maria, Rio Grande do Sul, estado onde os dois foram presos quando fugiam para o Uruguai, após Eduardo furtar R$ 1,5 milhão da agência bancária em que trabalhava há 12 anos.

Prisão mantida

O magistrado justifica a manutenção da prisão por haver evidências substanciais de que o casal cometeu o crime pelo qual é investigado, como fotos e filmagens do dia do furto à agência bancária.

“A manutenção da prisão é cabível quando há indícios de autoria e prova da materialidade do crime, ou seja, verificará se diante dos fatos constantes dos autos, caberá à manutenção da prisão do acusado se estiver demonstrado que o agente tenha sido o autor de um fato típico e ilícito”, informa o juiz na decisão.

Em outro trecho, o magistrado explica que, munida destas provas, a Justiça pode manter a prisão dos acusados, levando em consideração, inclusive, possíveis riscos em sua soltura prematura.

Prisão domiciliar negada

Ao indeferiu a solicitação de transferência da suspeita Paloma para a prisão domiciliar, o juiz justifica que ela não se enquadra nos requisitos específicos para ser levada a esse modelo de detenção.

São eles: ter mais de 80 anos, ser extremamente debilitado por conta de doença grave, ser imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos de idade ou com deficiência. Outro requisito é ser gestante a partir do sétimo mês de gravidez ou sendo a gestação de alto risco.

Paloma tem duas filhas pequenas, mas as crianças vivem com o pai, o que demonstra que ela não é a única que pode cuidar das menores. Essa informação consta na decisão judicial.

Além disso, segundo o juiz, quando fugiu com o companheiro, a suspeita teria abandonado as crianças, o que demonstra descaso em relação ás filhas.

“Ademais, resta esclarecer que quando da prática dos fatos em apuração, a acusada, juntamente com Eduardo, estavam fugindo deste Estado, com destino a outro País, quando foram presos, deixando para trás suas duas filhas menores, demonstrando descaso com os cuidados maternos em relação às crianças”, afirma.

Relembre o caso

O casal foi preso no Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai. A prisão ocorreu por meio de uma ação conjunta da Polícia Civil com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). A investigação teve início no dia 18 de novembro de 2024, quatro dias após o furto.

Segundo o chefe do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic) e titular da Delegacia Especializada de Roubo a Banco (DRB), delegado Gabriel Monteiro, a investigação começou após uma outra gerente da agência Estilo, localizada na Avenida Desembargador Santos Neves, entrar em contato com a polícia. 

Ela relatou que o suspeito estava incomunicável desde a manhã de sexta-feira (15) e não apareceu para trabalhar na segunda-feira. Isso levantou suspeitas, uma vez que, de acordo com a gerente, uma grande quantia em dinheiro parecia ter sido furtada.

“Havia suspeita de um roubo, um grande valor. Fomos à agência, na Praia do Canto, e percebemos que, de fato, havia sido subtraído um valor de aproximadamente R$ 1,5 milhão. Quando visualizamos imagens das câmeras vimos que se tratava de um gerente da instituição. Não tivemos acesso ao cofre porque, além de furtar, ele também trocou a senha”, contou o delegado. 

O suspeito trabalhava no banco há 12 anos e, além de gerente, era também tesoureiro da instituição. Por ser concursado e ter um cargo de alta confiança, Eduardo nunca levantou nenhum tipo de suspeita. 

Depósito feito pela namorada

Eduardo e Paloma fugiram do Espírito Santo em um carro adquirido por ela. Para comprar o veículo, a suspeita foi ao banco onde o bancário trabalhava no dia do furto para efetuar um depósito de R$ 74 mil

Foi esse o mesmo valor repassado por ele para que Paloma pudesse comprar o carro. Com o fim do expediente bancário, Eduardo foi ao cofre e subtraiu R$ 1,5 milhão. 

Em imagens das câmeras de videomonitoramento do banco, o suspeito sai da agência com diversos malotes com o dinheiro furtado. 

Para descobrir o modelo em que o casal havia fugido, bastou que os policiais fossem à concessionária onde Paloma adquiriu o carro. Lá, conseguiram identificar a placa do automóvel. 

“A companheira dele teria ido na quinta-feira ao banco, na parte da manhã, depositado um valor de aproximadamente R$ 74 mil, que conseguimos descobrir que seria para a compra do veículo para a fuga deles. Conseguimos identificar a concessionária e, com isso, conseguimos a placa desse veículo, o que foi passado para a PRF”, disse o delegado Monteiro. 

A partir das informações repassadas pela Polícia Civil, a PRF conseguiu prender o casal em menos de três horas após a denúncia, na BR-158, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, já na divisa com o Uruguai.

No momento da prisão, Paloma teria confessado que o dinheiro estava no porta-malas do carro. 

Veja vídeo com gerente saindo do banco:

Casal havia preparado mudança

Com o furto consumado, Eduardo e Paloma prepararam toda a mudança para o país vizinho. Eles embalaram todos os pertences e deixaram o imóvel.

Além disso, o gerente chegou a repassar R$ 20 mil para a ex-esposa, que, segundo ela, seria uma dívida por um carro que os dois adquiriram juntos.