Polícia

Justiça nega pedido de liberdade dos acusados de envolvimento no assassinato de Milena Gottardi

O pedido de liberdade feito pela defesa dos réus utilizou como justificativa a disseminação do novo coronavírus nos presídios capixabas

Foto: TV Vitória

A Justiça do Espírito Santo negou o pedido de liberdade provisória dos acusados de envolvimento no assassinato da médica Milena Gottardi, ocorrido em setembro de 2017. Com isso, todos os réus continuarão presos.

A decisão é do juiz Marcos Pereira Sanches, da 1ª Vara Criminal de Vitória, e aponta que as defesas de Hilário Antônio Fiorot Frasson, Esperidião Carlos Frasson, Hermenegildo Palauro Filho, Valcir da Silva Dias e Bruno Rodrigues Broetto não trouxeram fatos que autorizariam a prisão domiciliar.

Ainda de acordo com a decisão judicial, o pedido de liberdade, que utilizou como justificativa a disseminação do novo coronavírus nos presídios capixabas, não foi aceito, pois a Justiça entendeu que os presídios estão tomando as atitudes necessárias para a contenção do vírus. Segundo o juiz, “coronavírus não é habeas corpus”. 

O que dizem as defesas

O advogado Leonardo da Rocha de Souza, responsável pela defesa de Bruno Rodrigues Broetto, informou que lamenta a decisão judicial sem ao menos haver qualquer diligência do juiz junto `à unidade prisional onde ele se encontra preso, para verificação do caso concreto. Segundo a defesa, há relato dos familiares de Bruno de que ele sofre de doença respiratória crônica, tendo se agravado na prisão, fato que gerou inclusive sua internação em determinado momento, segundo seus familiares. 

Lamenta também que seja considerado “razoável” uma pessoa primária permanecer presa provisoriamente por dois anos e seis meses, sem ter sido julgado e sem haver qualquer previsão de que isso aconteça. “Caso venha ser absolvido, a defesa espera que o mesmo Poder Judiciário, que o manteve preso todo esse tempo, repare o dano (se é que é possível isso) causado a uma pessoa presa e que alegada inocência desde o início”, afirmou o advogado.

A defesa de Hermenegildo, por sua vez, diz que acredita na inocência do seu cliente e que tem certeza de que os fatos serão esclarecidos no dia do julgamento pelo tribunal popular do júri.

Já a defesa de Esperidião informou que não requereu a liberdade, mas a prisão domiciliar, em caráter excepcional e temporário, acompanhada de monitoração eletrônica. “Não se trata, portanto, de liberdade, frisa-se! Na hipótese postulada, o acusado permanecerá em custódia domiciliar, sob permanente monitoração pela Justiça. Tal fato nenhum prejuízo causará ao processo ou à sociedade. Não se deve olvidar que presídios são locais de concentração e aglomeração de pessoas. Logo, representam alto risco, especialmente para o grupo dos vulneráveis. É uma questão humanitária, em defesa da saúde e da vida. Situações extraordinárias reclamam respostas igualmente excepcionais”, afirmou a defesa do acusado.

A produção da TV Vitória/Record TV não conseguiu contato com as defesas de Hilário Frasson e Valcir da Silva Dias. Já a defesa de Dionathas Alves Vieira afirmou que ele não foi incluído no pedido de liberdade provisória, pois não faz parte do grupo de risco do novo coronavírus.

Relembre o caso

A médica Milena Gottardi foi baleada na cabeça quando saía do Hospital das Clínicas, no bairro Maruípe, em Vitória, no dia 14 de setembro de 2017. Ela foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e teve morte cerebral. A médica morreu aos 38 anos e deixou duas filhas.

Inicialmente, a polícia suspeitou de uma tentativa de assalto, mas as investigações apontaram que se tratou de um crime encomendado, cujos mandantes são Hilário e o pai, Esperidião Frasson. 

Ainda segundo as investigações, o assassinato teve dois intermediários: Valcir da Silva Dias e Hermenegildo Palauro Filho, que teriam feito a ponte entre os mandantes e os apontados como executores do crime, Dionatas Alves Vieira, o atirador, e Bruno Rodrigues Broetto, primo de Dionatas e acusado de ter roubado a moto usada na execução do crime.