Vinte e dois homens suspeitos de cometer crimes contra mulheres foram presos nesta quinta-feira (16), durante a terceira fase da Operação Marias. Os mandados de prisão foram cumpridos em 12 municípios do Espírito Santo: Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra, Viana, Fundão, Guarapari, Cachoeiro de Itapemirim, Piúma, Venda Nova do Imigrante, Aracruz e Conceição da Barra.
Ao todo, 13 suspeitos foram detidos por descumprimento de medidas protetivas, quatro por lesão corporal, três por estupro e dois por ameaça. Mais de 60 policiais participaram da operação. As prisões ocorreram entre às 5 horas e 17 horas desta quinta.
“A Lei Maria da Penha é clara: a violência contra a mulher não é apenas física. Essa violência doméstica pode ser psicológica, por meio de ameaça; pode ser moral, por meio de xingamentos, humilhações; e ela pode até ser sexual. O marido que obrigar a mulher, mediante violência ou grave ameaça, a manter conjunção carnal ou qualquer ato libidinoso pode responder, inclusive, por estupro. Todo tipo de violência será punido”, ressaltou a chefe da Divisão Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), delegada Claudia Dematté.
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O caso que mais chamou a atenção dos policiais ocorreu em Viana, onde um homem teria descumprido uma medida protetiva contra a ex-companheira e ameaçado atear fogo na casa onde ela e a família moravam. Antes disso, a vítima havia ido a uma delegacia e denunciado o marido agressor.
“A violência contra a mulher, infelizmente, sempre existiu na nossa sociedade, fruto de uma sociedade machista, de cultura patriarcal. Só que, infelizmente, essa violência, por muito tempo, foi silenciosa. Mulheres eram vitimas de violência dentro dos seus lares e silenciavam, subnotificavam esses crimes bárbaros. Desde a criação da Lei Maria da Penha, as mulheres vêm se sentindo encorajadas e estimuladas a denunciar seus agressores”, destacou Dematté.
“Isso não quer dizer que a violência contra a mulher aumentou. Isso quer dizer que a mulher está cada dia mais encorajada a denunciar seu agressor. Só que, além disso, o que nós vemos também, em relação a esse aumento, é que cada vez mais as mulheres estão empoderadas e cientes dos seus direitos. Infelizmente na nossa sociedade nós temos muitos homens que não estão prontos para lidar com esse empoderamento e acham que a mulher é posse, propriedade. Muitas vezes falam aquela frase, que se a mulher terminar com ele, ela não vai poder ser mais de ninguém. Isso é um sentimento de posse que demonstra exatamente esse machismo que ainda existe na nossa sociedade”, completou a delegada.
Já o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, destacou as recentes mudanças ocorridas na Lei Maria da Penha, promovidas pelo Governo Federal. “Eu vejo como muito boa a iniciativa do presidente, no sentido de dar autoridade policial e ao policial condições e legitimidade de decretar a medida protetiva naqueles longínquos lugares onde não tem juiz de plantão. Então o delegado tem essa autonomia e faz com que, a partir desse momento, ela já tenha a proteção. E se ele violar essa proteção, estará em crime e poderá ser preso também, como estão sendo todos esses agora”, frisou.]