De janeiro a junho deste ano, 440 pessoas foram investigadas por suspeita de terem estuprado ou abusado sexualmente de crianças e adolescentes na Grande Vitória. Os dados são da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), que divulgou ainda que 25 pessoas foram presas por terem cometido um dos dois, ou os dois crimes.
De acordo com o delgado Lorenzo Pazolini, titular da DPCA, os municípios de Serra e Vila Velha se destacaram negativamente. Foram nestas duas cidades em que mais crianças e adolescentes com idades entre nove e 13 anos foram vítimas.
“Além da quantidade de habitantes nestes dois municípios, Vila Velha e Serra são cidades que sofrem maior migração. São pessoas de outros Estados que seguem para estes locais, e ficam um período de tempo determinado, e com data marcada para voltar ao seu Estado de origem. São pessoas que não têm famílias nestes municípios e não se veem inseridos no contexto social destas cidades, então, aproveitam para cometer estes crimes”, ressaltou o delegado.
Lorenzo Pazolini destacou que homens e mulheres praticam os crimes de estupro e abuso sexual. Ele disse ainda que os criminosos em sua maioria têm idades entre 25 e 40 anos e possuem outra característica em comum: “Grande parte destas pessoas tem entrada franqueada na casa da vítima, ou são parentes destas crianças e adolescentes, ou são amigos íntimos dos pais delas”, alertou.
Pazolini orienta os pais para ficarem alerta e tomarem alguns cuidados específicos neste período de férias escolares que é tão esperado pela criançada. “Aqueles pais que precisam trabalhar fora o dia todo devem procurar pessoas de sua confiança para tomarem conta dos filhos, neste período em que eles ficarão sozinhos em casa. De preferência, parentes como os avós ou pessoas responsáveis”, orienta.
Para o delegado, outra “armadilha” para as crianças e adolescentes neste período de descanso escolar é a Internet. “Muitos criminosos utilizam a internet para aliciar os menores. Os computadores devem ficar em locais onde há acesso de pessoas, na sala, por exemplo. O aparelho não pode ficar no quarto da criança ou adolescentes, e os pais devem instalar aplicativos ou dispositivos que monitorem os sites que os filhos frequentem, ou que bloqueiem o acesso a páginas maliciosas”, esclarece.
Além disso, para o delegado, o diálogo entre os pais e filhos deve acontecer desde cedo e o tema abuso sexual não pode ficar de fora. “É preciso que os pais conquistem a confiança dos filhos, não importa a idade deles. A educação preventiva é a melhor alternativa. Tem que ensinar a criança sobre os cuidados que ela deve ter com suas partes íntimas, que estas não podem ser tocadas por estranhos ou adultos que não cuidem dela. Os pais devem falar de acordo com a idade da criança para que ela entenda”, afirma
Relembre casos
No mês de junho, um casal de lavradores, pais de uma menina de sete anos foram presos na localidade de Santo Antônio, zona rural de Divino São Lourenço. A mãe foi presa por omissão e o pai por suspeita de ter cometido o crime. A criança contraiu doença sexualmente transmissível e ficou internada na Santa Casa de Guaçuí.
Em fevereiro deste ano, um técnico em mecânica foi preso na Serra acusado de estuprar a própria filha, uma menina de 11 anos. Segundo investigações policiais os abusos aconteciam há quase dois anos na residência onde o suspeito de 33 anos morava com a vítima.
No dia 18 de janeiro deste ano, um homem de 48 anos avô de uma menina de apenas oito anos de idade foi preso acusado de abusar sexualmente da neta. A mãe e o padrasto da criança flagraram o suspeito cometendo o crime. O suspeito foi preso dentro de um bar na Avenida Marechal Campos, em Vitória e, na época, segundo a polícia, os abusos aconteciam a cerca de seis meses.