Em 2019, 33 mulheres morreram vítimas de feminicidio no Espírito Santo. Foram registradas mais de cinco ocorrências por dia, de violência doméstica contra a mulher. Marciane, foi uma delas. Após viver com o companheiro por quase sete anos, foi covardemente agredida e queimada pelo ex-marido “Praticamente deformou o meu rosto. Fiquei sem minha perna, sem minha mão, sem meus movimentos. Para quem tinha um rosto bonito, hoje não tenho mais. Para quem andava, hoje não ando mais. Para quem fazia tudo com as suas próprias mãos, hoje não consigo fazer mais”, desabafou.
Outra mulher passou por situações de humilhações e agressões. A vítima relatou os momentos em que viveu com o ex-companheiro. Para preservá-la, sua identidade será mantida em sigilo. “Começou primeiro com as agressões verbais, ciúmes e aí depois vieram as agressões físicas, na frente dos meus filhos. Eu tentei sair desse relacionamento umas três, quatro vezes. Mas eu não conseguia, porque eu não tinha para onde ir. Não tinha emprego fixo. Ele sempre ameaçava”, contou.
Acuada, ela afirmou que precisou trocar de endereço. “Hoje, ele não sabe onde eu moro e não tem meu endereço. Tive que sair do meu bairro e procurei um outro local para viver, onde ele não sabe nada da minha vida. Foi ai que eu consegui me estruturar novamente, com novo emprego e procurar colégio para os meus filhos”, relatou.
Os números divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesp), em comparação com o ano de 2018, mostram que foram feitas 1.178 denúncias a mais. A delegada Michelle Meira lembrou que as agressões não são só as físicas, mas também as verbais e psicológicas. “As mulheres precisam entender que não é só a agressão física que é uma agressão. Tem a agressão verbal, que são os xingamentos; a psicológica, que são as ameaças; e a patrimonial, que são as subtrações de bens. Então é preciso estar atenta a esses pequenos sinais dentro de um relacionamento, que ultrapassam o limite do respeito. Houve um xingamento, uma ameaça, é importante que a mulher procure a delegacia, faça a denúncia e se afaste desse relacionamento”, enfatizou.
Para diminuir os números de agressão a mulher, a Sesp conta com alguns projetos, como o “Homem que é homem”, criado em 2015 e que no ano passado alcançou 86 autores de violência e com grupos reflexivos, acompanhados de assistentes sociais e psicólogos, a reincidência foi de apenas 2%.
Reportagem: Fábio Gabriel, da rádio Pan News Vitória