Há um ano, Fernando Moraes Pereira Pimenta, conhecido como “Marujo”, era preso no Espírito Santo. Considerado o criminoso mais procurado do Estado, ele era apontado pela polícia como o chefe do tráfico de drogas no Bairro da Penha e seria uma das lideranças do Primeiro Comando de Vitória (PCV).
Mesmo preso, a influência de Marujo ainda preocupa as autoridades de segurança, principalmente porque ele está na mesma galeria que Fernandinho Beira-Mar, uma das principais lideranças do Comando Vermelho. Os dois estão na Penitenciária Federal em Catanduvas, no Paraná.
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A informação é do subsecretário de Inteligência da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), delegado Romualdo Gianordoli, que foi o responsável pela operação da prisão de Marujo.
Em entrevista ao Folha Vitória, o delegado informou que os detentos passam por rodízio nas galerias, portanto, é possível que Marujo não esteja mais no mesmo ambiente que Beira-Mar.
Marujo pode fazer “escola do crime” com Beira-Mar?
A preocupação, porém, ainda existe. Isso porque os presos interagem e podem formar alianças poderosas. Mesmo que haja monitoramento no presídio, as interações acontecem no momento de banhos de sol, por exemplo.
Naturalmente, por estar em presídio federal, Marujo está com outros criminosos de altíssima periculosidade. Se aproximando de Beira-Mar, pode trazer novas rotas para o tráfico de drogas no Espírito Santo e ter contato com outros fornecedores, inclusive de fora do país.
“Eles (Marujo e Beira-Mar) têm algum contato lá. Um das possibilidades é, sim, estreitar relações. A maior preocupação é ele se aprimorar e conseguir influência para o Espírito Santo. Por exemplo, outras rotas e contatos com novos fornecedores, de repente até fora do país. O que podemos dizer é que o contato de Marujo com criminosos aqui do Estado é praticamente nula. A partir do momento em que foi preso, perdeu toda a influência”, disse o subsecretário.
Perdeu influência no ES
Mesmo não tendo contato com o crime organizado do Espírito Santo, Marujo já não é considerado influente no Estado por não ser o chefe natural da facção que atua no Complexo da Penha.
Marujo assumiu a liderança após a prisão de Carlos Alberto Furtado da Silva, o Beto, em 2019, que liderava o PCV.
Segundo o delegado, as ordens de Beto eram intermediadas por Marujo, porém, no momento em que foi preso, perdeu a influência.
“Quando Carlos Alberto foi para o presídio federal, não conseguia passar mais ordens, então Marujo se tornou o líder soberano. Mas, a partir do momento em que foi preso, perdeu toda a influência aqui no Espírito Santo. Só ficou o respeito que a facção ainda tem por ele. Hoje, não tem nenhum líder para assumir o posto de Marujo. Os traficantes fizeram uma espécie de comitê, são várias vozes de comando no PCV”, contou.
O subsecretário informou, ainda, que após a prisão de Marujo as guerras diminuíram e, consequentemente, o número de homicídios.