Polícia

"Matei a sua mãe", disse acusado para menina de 6 anos após executar casal na Serra

A filha de Márcio e Bruna foi retirada de casa e os pais foram mortos com 75 tiros. Motivação é a disputa pelo tráfico de drogas, segundo a polícia

Foto: Reprodução

A Polícia Civil concluiu a investigação do duplo assassinato de Márcio Rony Ventura Ferreira Oliveira, de 34 anos, e Bruna Mara Silva Oliveira, de 26, ocorrido na Serra, no ano passado. O crime foi resultado de uma violenta disputa pelo domínio do tráfico de drogas na região, de acordo com a polícia.

Durante o crime, os assassinos tiraram da casa a filha do casal, uma criança de apenas 6 anos, enquanto seus pais eram brutalmente assassinados. Na fuga, um dos bandidos disse para a menina: “Matei a sua mãe”.

Ao todo, oito pessoas foram presas, um adolescente apreendido, um suspeito morto e outro permanece foragido. Foram nove meses de investigação, resultando em um inquérito com 900 páginas de detalhes sobre o caso.

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O delegado responsável pelo caso, Rodrigo Sandi Mori, destacou a dinâmica do crime. Os acusados teriam chegado ao local em dois carros. Duas pessoas ficaram nos veículos e outras seis entraram na casa.

“Eles estavam fortemente armados, usando camisas da Polícia Civil. Cortaram o cadeado do portão, arrombaram a porta, mandaram a filha sair da residência e executaram as vítimas com 75 disparos de arma de fogo, sendo que 42 atingiram o Marcio e 33 a Bruna, morta como queima de arquivo. Após saírem da residência, um dos indivíduos viu a filha do casal e disse ‘matei a sua mãe'”, contou.

Além de identificar os responsáveis pelo assassinato, a investigação buscou entender por que o crime foi tão violento.

No total, 11 pessoas foram implicadas na morte do casal, incluindo nove homens, uma mulher e um adolescente de 17 anos. O crime ocorreu em novembro do ano passado e chocou a comunidade do bairro Maringá, na Serra.

A motivação para tamanho terror se resumiu à disputa pelo controle do tráfico de drogas na região.

Maringá, apesar de pequeno, era um bairro estratégico para os criminosos, e o tráfico era liderado por Pedro Corttes Falcão, que viu seu domínio ameaçado quando Márcio assumiu a liderança após ambos terem sido presos juntos. As informações são da polícia.

Foto: Divulgação / Polícia Civil

Pedro, um velho conhecido da Justiça, foi identificado como um dos principais executores do crime, de acordo com o delegado. Ele já havia sido condenado por homicídio aos 19 anos.

Além dele, segundo a polícia, outros cinco executaram o plano, incluindo Robert Dias Lino, o “Robert da 12”; Wesley Magno Uchoa Braz, o “Neném da Preta”; e Wagner da Silva Rangel, o “Seu Waguinho”, que está foragido.

O delegado revelou que Wagner é traficante em Nova Carapina e em uma região de Jacaraípe. O grupo também é responsável pelo assassinato de Luiz Gustavo do Nascimento Costa, o “Zé Gotinha”, ocorrido em janeiro deste ano, em Aribiri, Vila Velha.

Para cometer o duplo assassinato em Maringá, dois veículos foram usados, sendo um deles dirigido por Gabriel de Castro Balbi e o outro por Phelipe Ferreira Gusmão Lino, o “Simpson”, ambos agora presos.

Além dos executores, Arthur Resende de Paula, José Ricardo Lapa Zaneti e Gislaine Soares Andrade são apontados nas investigações como responsáveis pelo monitoramento da rua onde o crime ocorreu.

Foto: Reprodução

Prisões evitaram mais assassinatos

A Polícia Civil acredita que, se as prisões não tivessem ocorrido, outros assassinatos poderiam ter ocorrido na Serra, especialmente nos bairros Jardim Carapina e Central Carapina, onde os rivais dos acusados presos lideram o tráfico.

“A prisão deles impediu uma série de homicídios que iriam ocorrer. Em um dos áudios eles mostram o poder de fogo deles, falando que estavam armados com fuzis, granadas e pistolas e que estavam dispostos a matar rivais, nos bairros  Maringá, Jardim Carapina e Central Carapina”, disse o delegado.

Apesar do esquema complexo para cometer o crime, o delegado esclareceu que não se trata de um grupo criminoso organizado, mas sim de pessoas envolvidas com o tráfico de drogas em determinadas regiões que se uniram em momentos específicos para realizar o crime hediondo.

“Eles se aliaram no presídio, fizeram uma aliança e começaram a eliminar os rivais que, de qualquer forma, atrapalhavam o tráfico de drogas”, afirmou.

*Com informações do repórter Caio Dias, da TV Vitória/Record TV