Uma motorista de aplicativo, de 33 anos, foi sequestrada em Jacaraípe neste final de semana. Ela foi obrigada a dirigir ficar 7h em poder dos suspeitos, que cometeram vários assaltos na Serra.
“Foram em Feu Rosa para realizar um assalto e eu fiquei refém deles o tempo todo. Um saía para roubar e o outro me fazia de refém dentro do carro”, disse a vítima.
O crime começou quando ela estava a caminho para atender uma cliente pelo aplicativo. Ela parou na Av. Minas Gerais e, quando confirmou a corrida, logo surgiram dois homens, que entraram no veículo por volta das 19h deste sábado (18).
“Só falavam em manter a calma, para não gritar senão ele ia atirar, era pra ficar calma o tempo todo porque senão ele ia me machucar, ia atirar”, contou.
Mãe de três crianças, a vítima trabalha como motorista há quase dois anos para sustentar a família. Ela fez um apelo aos criminosos, que usavam uma arma para intimidá-la o tempo todo.
“Mandava eu entrar o tempo todo nas ruas, eu pedi para eles não fazerem nada comigo por causa dos meus filhos, fui pedindo para eles não me machucarem. Eles falaram: ‘A gente não vai te machucar, faz só o que a gente quer”, disse.
Eles circularam por diversos bairros da Serra. Os suspeitos ordenavam que a motorista parasse, para eles assaltarem as pessoas na rua.
Em determinado momento, eles assaltaram uma lanchonete em Feu Rosa. Enquanto um dos suspeitos entrou no estabelecimento e levou a moto do motoboy da loja, a mulher teve que ficar no carro com o outro homem.
“O que levou a moto seguiu caminho, o outro fez eu ir atrás pegando a avenida. Os dois retornaram, passaram em vários bairros. Quando chegou em Novo Horizonte, eles furtaram um veículo na avenida. No final de Novo Horizonte, furtaram um veículo, um levou e o outro me fez dirigir até a avenida novamente”, contou.
Em meio aos quase dez assaltos que eles cometeram no caminho, a vítima focou em sobreviver. “Só pensava nos meus filhos, o tempo todo, minha família. Pedia a eles o tempo todo para não me machucar porque eu tava só trabalhando porque eu precisava criar meus filhos”, disse.
Ela contou que tinha muito medo de morrer ou ser estuprada. “Pensava que eles iam me estuprar, me matar, fazer algo de ruim comigo, isso o tempo o todo. Fui pedindo ‘pelo amor de Deus, não faz nada’, fui mantendo a calma, tentando manter a calma o tempo todo”, relatou.
Contudo, por muitas vezes, o nervosismo dela vinha à tona. “Eu tremia muito o corpo na hora de arrancar com o carro, eu não tava conseguindo jogar as marchas certas, foi um terror mesmo que eu passei. Eles só falaram: ‘Pode ficar tranquila, estou vendo que você é uma mulher guerreira, vou fazer nada com você'”, contou.
Ela ficou 7h em poder dos suspeitos. Nesse tempo, as crianças ficaram mandando áudio para ela chorando e perguntando seu paradeiro. A mulher foi liberada na madrugada de domingo (19), às 3h da madrugada, quando eles desceram do carro e mandaram ela seguir em frente.
“Liguei para a família, cheguei em casa, meu filho ainda estava acordado me esperando, chorando muito porque não conseguia falar comigo, o celular desligado o tempo todo, aí sim, quando eu vi meus filhos, foi um livramento que eu tive mesmo. Agradeci muito à Deus por isso”, contou.
Ela foi `à delegacia e realizou um boletim de ocorrência. Ela tentou também o apoio da empresa responsável pelas corridas, mas disse que não teve um bom retorno.
“Estou tentando entrar em contato com eles desde domingo para relatar o fato porque eles fizeram eu desligar meu celular, desliguei meu celular, quando eu consegui ligar o celular para relatar o fato, eles não liberam nenhuma atenção e estão ainda me cobrando a taxa da corrida do assalto. A corrida ficou correndo durante o período, ficou num valor de R$ 73 reais e eles estão me cobrando a taxa até hoje”, disse.
Depois do que aconteceu, a mulher não voltou a trabalhar e disse repensar se vai continuar na profissão por causa do perigo. “Eu tô um pouco traumatizada ainda, mas a gente precisa trabalhar né. Agora, com o aplicativo eu não sei se eu consigo voltar a trabalhar”, desabafou.
O que diz a 99pop
Em nota, a empresa 99 lamentou profundamente o ocorrido com a motorista parceira. O aplicativo informou que mobilizou uma equipe para apurar o incidente e realizar o contato para oferecer suporte e acolhimentos necessários. A 99 disse estar à disposição para colaborar com as investigações das autoridades, caso precise.
A empresa comunicou investir constantemente em ferramentas de segurança para a prevenção, proteção e acolhimento de todos os usuários e motoristas parceiros, antes, durante e depois das viagens.
Entre as medidas estão o compartilhamento de rota com contatos de confiança, monitoramento da corrida, gravação de áudio e botão para ligação direta para a polícia. Além das inteligências artificiais para identificar riscos, mapeamento de áreas de risco, câmeras de segurança nos veículos e uma central de segurança que funciona 24h.
Em casos de incidentes como o ocorrido, a plataforma orienta que usuários reportem imediatamente pela Central de Ajuda, disponível no app ou entre em contato com a Central de Segurança, pelo telefone 0800-888-8999, disponível 24 horas por dia, para que todas as medidas cabíveis sejam tomadas.
O caso será investigado pela polícia
A Polícia Civil informou que o caso segue sob apuração da Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV). Destacou anda que a população tem um papel importante nas investigações e pode contribuir com informações de forma anônima através do Disque-Denúncia 181, que também possui um site onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas. O anonimato é garantido e todas as informações fornecidas são investigadas.
*Com informações da repórter Nathália Munhão, da TV Vitória/Record TV