A ex-primeira dama da favela da Rocinha, na zona sul do Rio, já está no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste da cidade. Danúbia de Souza Rangel foi presa na tarde desta terça-feira (11) próximo ao Morro do Dendê, na Ilha do Governador. Foragida há mais de um ano, ela estava entre os criminosos mais procurados do Estado do Rio.
Danúbia é esposa de Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, que atualmente cumpre pena no Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia. Porém, para a polícia, isto não impediu que o traficante ordenasse a invasão na comunidade no dia 17 de setembro. Ele, que já chefiou a Rocinha, teria rompido com o atual líder do tráfico no local, Rogério 157. A disputa pelo controle da comunidade deu início a uma série de confrontos e operações policiais, que já duram 24 dias.
Forças Armadas voltam à Rocinha no segundo dia de operações
O estopim para o início dos confrontos teria sido a expulsão de Danúbia da comunidade, ordenada por Rogério 157. Até então, ela era a responsável por repassar as informações do marido ao criminoso. Após deixar a Rocinha, ela teria se escondido em outras comunidades cariocas até ser presa na tarde desta quarta, em um dos acessos ao Morro do Dendê.
A prisão dela foi resultado de uma ação conjunta das delegacias da Pavuna (39ª DP) e de Nova Iguaçu (52ª DP), que monitoraram a suspeita durante um mês. De acordo com os delegados da Polícia Civil Marco Aurélio Ribeiro e Vinicius Miranda, a polícia já esteve perto de prender Danúbia em outra oportunidade, quando ela se escondeu na Vila dos Pinheiros, no Complexo da Maré. No entanto, para evitar confrontos e o risco de balear inocentes, os agentes desistiram de efetuar a prisão.
Após ser presa, ela foi levada para a Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), onde prestou depoimento. O delegado Marco Aurélio disse que, no momento da prisão, ela teve “as reações que já conhecemos: surpresa, baque emocional, choro e tentativa de se explicar”.
À noite, ela foi transferida para a Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.
Rogério 157
Para a polícia, a prisão de Danúbia, assim como a captura de Rogério 157, são pontos fundamentais para o fim da guerra na Rocinha. Desde o início dos confrontos, a Polícia vem fazendo operações na favela e em ouras comunidades dominadas pela mesma facção à procura do criminoso. O Disque-Denúncia oferece uma recompensa de R$ 50 mil por informações que levem a sua prisão.
Polícia encontra mansão de Rogério 157 no alto da Rocinha
Antes de chefiar o tráfico de drogas da Rocinha, Rogério 157 era o segurança pessoal do traficante Nem, preso em 2011. Após assumir o comando da favela, ele continuou agindo em parceria com Nem. Porém, no último dia 17, a cumplicidade ganhou um ponto final, quando criminosos da mesma facção invadiram a Rocinha, segundo a polícia, por ordens passadas por Nem de dentro da prisão.
O criminoso é réu em onze processos judiciais, respondendo por crimes como tráfico de drogas, associação criminosa, extorsão e homicídio. Rogério tem uma passagem pelo sistema carcerário entre 2010 e 2012, após uma invasão ao Hotel Inter-Continental, em São Conrado. Na ocasião, dez criminosos fizeram 35 reféns, quando tentavam escapar de um cerco policial. Sem julgamento, a Justiça decidiu libertar o criminoso, que seria condenado dias depois pelo crime.
Jaqueline Suarez, estagiária do R7 Rio