Polícia

Mulher presa por deixar filha de 1 ano sozinha em casa é liberada após audiência de custódia

Segundo a polícia, ao ser presa, a suspeita escondia maconha e cocaína nas partes íntimas. Ela foi autuada em flagrante por abandono de incapaz e por posse de drogas para consumo próprio

Foto: Divulgação/ Internet

A mulher de 25 anos que foi presa por deixar a filha de 1 ano e 4 meses sozinha em casa foi liberada nesta quarta-feira (28), após passar por audiência de custódia. A criança foi encontrada por vizinhos em um apartamento sujo, com roupas espalhadas pelo chão, pinos de cocaína usados e restos de cigarro, além de fraldas descartáveis e papel higiênico sujos. O apartamento onde a criança foi resgatada fica em um prédio de quatro andares, no bairro Cocal, em Vila Velha.

Os vizinhos arrombaram a porta após ouvirem o choro da criança vindo de dentro do apartamento. A polícia e o Conselho Tutelar foram chamados. A mulher foi detida e o bebê encaminhado para um abrigo.

Segundo a polícia, ao ser presa, a mulher escondia maconha e cocaína nas partes íntimas. A suspeita foi autuada em flagrante por abandono de incapaz e por posse de drogas para consumo próprio.

O uso de entorpecentes, aliás, foi apontado por especialistas como possível motivador do crime. “Uma usuária de drogas, jovem. Ela, sob efeito da droga, não tem noção de gravidade. Provavelmente, ela nem lembra do filho. Essa mãe é incapaz de cuidar e deixa uma pessoa que é frágil, que é incapaz”, frisou a pediatra Iria Giacomin. 

Apesar de não saber se expressar, a criança sente o abandono, mesmo tão nova. A psicóloga infantil Paula Santos afirma que o trauma pode ter consequências para o resto da vida. “Pode ser tornar um sujeito muito inseguro, com muitos medos, com uma probabilidade muito grande de ter crises de pânico, de ansiedade e com muita dificuldade de confiar no outro e se relacionar com outras pessoas”, destacou.

Abandono

De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), de janeiro a setembro, foram registrados 267 casos de lesão corporal em crianças de 0 a 12 anos em todo o Espírito Santo. A produção da TV Vitória/Record TV também perguntou à secretaria sobre os dados relativos ao abandono de incapaz, mas ainda não houve retorno.

A conselheira tutelar Rúbia Barros diz que recebe muitas denúncias semelhantes. Segundo ela, as consequências vão desde problemas psicológicos a danos irreversíveis. “A menor consequência é realmente o medo, se sentir sozinho. Infelizmente, a maior consequência são os óbitos. Pode vir a acontecer. A criança não tem noção do perigo que tem dentro de casa”, ressaltou.

A pediatra confirma o perigo de uma criança sozinha em casa. “Criança abaixo de 2 anos é uma criança que ainda não verbaliza. A parte nutricional é muito grave. Uma criança que fica abandonada, que fica presa num quarto, pode até não aprender a falar, a não se verbalizar. Porque isso é um aprendizado. E se ela fica presa num quarto escuro, pior ainda”, afirmou Iria Giacomin.

Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV