Apontada como mandante do assassinato do eletricista Luiz Carlos Devens, assassinado à tiros dentro da própria casa, em Nova Almeida, na Serra, em janeiro de 2019, a esposa dele, Iraci Bezerra Miranda, prestará depoimento na tarde desta quarta-feira (10) para relatar sua versão do crime.
A polícia trabalhava com a suspeita de latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte. As primeiras pistas do caso indicavam que Luiz foi rendido quando entrava com o carro em casa, os bandidos, então, invadiram a residência, fizeram a família refém – a esposa e duas filhas – e roubaram objetos. O eletricista foi morto ao tentar impedir o roubo, quando entrou em briga corporal com os criminosos que fugiram após sua morte.
Neste momento, Iraci ainda era vista como uma das vítimas da ação dos suspeitos, mas ao longo da investigação e com base e informações colhidas com testemunhas, a partir de agora, Iraci é considerada suspeita. A viúva da vítima foi presa no último dia 20 de abril, na casa dos pais, em Jesus de Nazareth, Vitória.
A prisão foi realizada com um mandado temporário, mas que foi recentemente prorrogado para mais trinta dias, com isso, Iraci continuará presa no presídio feminino de Bubu, em Cariacica.
Investigações
A suspeita foi presa durante a operação batizada de “Viúva Negra”, onde os policiais civis também fizeram buscas em mais cinco endereços e prenderam outros dois suspeitos de envolvimento no crime: Carlos Francisco da Silva, o Cal, e a irmã dele, Sônia Francisco da Silva, a Tia Sônia.
Carlos alega ser inocente. Segundo a polícia, ele trabalhava como jardineiro na casa de Iraci e Luiz Carlos há um ano. As investigações apontam que Carlos e Sônia são o único elo entre Iraci e o suspeito de ser o executor do assassinato, Robert Smit Teófilo Rocha, de 23 anos, que continua foragido.
A polícia acredita que os dois irmãos receberiam dinheiro para indicar a Iraci alguém que aceitasse matar Luiz Carlos. A polícia ainda não sabe quanto foi oferecido aos suspeitos nem se o pagamento foi realizado.
Ainda de acordo com a polícia, Robert receberia um pagamento pelo assassinato e usaria o dinheiro para investir no tráfico de drogas. Ainda não se sabe se ele recebeu o pagamento nem quanto foi oferecido.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Robert tem passagens pela Justiça por tráfico de drogas e homicídio. “Ele estava cumprindo pena e, numa saída temporária, não retornou ao presídio e estava sendo procurado. E agora também pesa contra ele o mandado de prisão temporária por homicídio qualificado”, frisou.
Casos extraconjugais
De acordo com Vidigal, a Polícia Civil (PC) trabalha com a hipótese de o crime ter motivações passionais e financeiras. “Passamos a receber muitas informações veladas a respeito da participação da própria esposa da vítima. Segundo apuramos até o momento, a esposa mantinha diversos relacionamentos extraconjugais, que seriam, inclusive, de conhecimento da família da vítima e da própria vítima. Sem sombra de dúvidas, a Iraci praticou esse crime com objetivo de se ver livre do Luiz Carlos. Não sei o que acontecia no relacionamento deles, isso ainda será objeto de apuração. Mas, pelo que entendemos, ela, além de querer se separar, teria interesses financeiros nas possíveis pensões, seguros e bens que o Luiz Carlos possuía”, afirmou Vidigal.