Polícia

Mulher tem anúncio falso como garota de programa divulgado em site pornográfico

O anúncio oferecia os serviços por R$ 1,99, com todos os dados da vítima e com montagens do rosto dela no corpo de outras pessoas

Foto: Reprodução

Uma auxiliar de serviços gerais, moradora da Grande Vitória, teve um perfil falso como garota de programa divulgado em um site pornográfico. O anúncio oferecia os serviços por R$ 1,99, com todos os dados da vítima e com montagens do rosto dela no corpo de outras pessoas. 

Segundo o relato da vítima, ela começou a receber muitas mensagens de desconhecidos a chamando para encontros. Em um desses convites, o rapaz que se mostrou interessado nela a ajudou a descobrir o que estava acontecendo. 

“O homem me mandou mensagem dizendo que já estávamos conversando em outro aplicativo. Nesse momento eu liguei para ele e expliquei que não era eu e que não sabia o que estava acontecendo. Ele entendeu que algo estava errado, então me mandou todos os registros da conversa com essa pessoa que estava se passando por mim e eu procurei a polícia”, explicou. 

A vítima mora junto com o filho, de 15 anos, e conta como foi toda a situação. “Não tenho nem palavras para fala sobre isso, é humilhante. Eu só sabia chorar, senti vontade de morrer. Não sei como alguém pode ter coragem de fazer algo assim. Meu filho foi quem cuidou de mim, não consegui contar nem para a minha mãe. Quero que a polícia descubra a identidade do criminoso para que eu possa entender o motiva da pessoa ter feito isso”. 

Investigações

No caso da auxiliar de serviços gerais, as investigações ainda estão acontecendo e nenhum suspeito foi identificado até o momento. No entanto, o delegado Brenno Andrade, da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos, afirma que a identificação dos criminosos é mais fácil do que muita gente pensa. 

“A polícia nunca trata como brincadeira. Todas essas condutas têm consequência jurídica na esfera penal e também na civil, cabendo inclusive um dano moral. Não é um fato simples. As pessoas acham que, por estar atrás do computador, não podem ser identificadas, mas isso não é verdade. Mesmo com perfil falso, é possível identificar essas pessoas. Não tem para onde fugir”, ressaltou. 

O delegado ainda explicou como é a dinâmica desses crimes. “No mundo virtual a gente tem de tudo: os desocupados, os que agem por maldade e aqueles que agem por vingança. Nesse caso, às vezes o suspeito conhece a vítima, tem alguma desavença e acaba praticando esses crimes, mas não tem ideia do prejuízo que isso pode acarretar para a pessoa. São ligações incessantes. Os dados são divulgados para terceiros e a vítima sofre os mais diversos transtornos”, frisou Andrade. 

Cenário 

De acordo com as informações do portal SaferNet Brasil, somente no ano de 2018 foi registrada uma alta de 109,95% em denúncias de crimes na internet, principalmente contra mulheres, que representam 66% das vítimas. A entidade é uma Associação Civil de Direito Privado, que visa proteger a defesa dos Direitos Humanos na internet. Eles ainda apontam que o número de casos atendidos de vazamentos de nudes e extorsão aumentou 131,49%. 

Para a psicóloga Luciane Infantini, especializada em jovens e adolescentes, esse tipo de crime está cada vez mais comum e afeta muito a vida das vítimas, principalmente meninas. “Isso acontece muito com meninas, algumas até tentam suicídio. Elas precisam muito do apoio familiar e não o contrário. A vitima precisa ser acolhida e entender que não é culpa dela”, ressaltou.