Polícia

Mulheres torturadas, estupradas e obrigadas a trabalhar em regime de escravidão em Aracruz

Segundo a polícia, que foi a uma residência de classe média atender a uma denúncia de tráfico, estavam no local três jovens, sendo duas adolescentes, além de uma criança e dois rapazes

Policiais da Deten foram acionados para atender uma denúncia de tráfico de drogas no local, quando se depararam com as vítimas dentro do imóvel Foto: Divulgação

Dois homens foram presos, nesta quinta-feira (10), pela Polícia Civil em Aracruz, no norte do Estado. De acordo com a polícia, eles são suspeitos de manterem seis pessoas em cativeiro, entre elas duas adolescentes e uma criança de apenas 3 anos. As vítimas foram encontradas dentro de uma mansão na localidade de Rio Preto, no interior do município.

Os detidos foram identificados como Aelson Diego Guimarães, e Carlos Roberto da Silva, o Binho. Os dois são de Minas Gerais e já se conhecem há cerca de 6 anos. De acordo com a polícia, Aelson Diego, que já mora no Espírito Santo, há 9 meses, tem quatro passagens pela polícia mineira por homicídio. Já Binho é suspeito de tentativa de homicídio e furto, também em Minas Gerais.

As vítimas eram três jovens, de 14, 17 e 20 anos, um menino de 3 anos, filho de uma das moças, além de dois rapazes. Segundo a polícia, além de permanecerem presas no local, algumas dessas vítimas eram torturadas, estupradas e obrigadas a trabalhar em regime de escravidão.

“A gente recebeu uma denúncia de tráfico de drogas nessa residência e os policiais foram verificar essa denúncia. Quando chegaram ao local, ficaram surpresos, porque se tratavam de vários crimes, como tortura, cárcere privado, estupro e trabalho escravo”, disse o delegado Fabiano Rosa, da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes.

De acordo com as investigações, algumas vítimas eram obrigadas a trabalhar por cerca de 17 horas sem parar e sem receber nada por isso. “Algumas das vítimas trabalhavam nessa casa, de classe média, e não recebiam pelo trabalho. Elas trabalhavam das 6 às 23 horas, sem parar. E, até o momento, não receberam salários, sendo que já estão há mais de dois meses no local”, afirmou o delegado.

Duas das jovens, a de 17 e a de 20 anos, estavam no local há pelo menos quatro meses. A moça de 20 anos disse que conheceu um dos suspeitos em Viana e que ele a chamou para passar uns dias na casa. A jovem conta que aceitou o convite e ainda chamou uma amiga, de 17 anos, para ir junto.

“Ele falou que a gente poderia ficar na casa dele até a gente se estabilizar. Na primeira semana foi uma maravilha e, na segunda, ele falou que ia arrumar serviço para a gente, mas não arrumou. Foi quando eu resolvi falar. A gente sentou e conversou, querendo ir embora. Foi quando ele disse que não, que eu ia ter que ficar com ele”, contou. 

A jovem disse ainda que foi agredida diversas vezes pelo suspeito e ainda sofria tortura psicológica. “Ele me bateu umas cinco vezes. Chegou a bater na minha amiga uma vez sim, por causa do filho dela, mas eu apanhava o dobro. Eram tacadas, socos, tapas na cara. E se a gente tentasse fugir, ele colocava medo na gente. Dizia que ia atrás e chamaria nossa família. Então a gente ficava com medo de tentar fugir”, disse.

Segundo a polícia, os suspeitos também atraíram para o local um casal, sob o pretexto de que teria um emprego para o rapaz. Essas vítimas, segundo a polícia, ficaram no local por cerca de três semanas.

“Ele foi com a intenção de trabalhar. Recebeu esse convite, só que, em determinado momento, o Diego passou a assediar a esposa desse rapaz. Ele então pediu demissão e o Diego acabou agredindo esse rapaz e impedia o casal de sair da casa. Eles permaneceram no local em cárcere privado e em regime de trabalho análogo à de escravo”, ressaltou Fabiano Rosa.