Os representantes do Governo do Espírito Santo afirmaram, durante uma entrevista coletiva, na manhã desta sexta-feira (10), que não podem conceder nenhum tipo de aumento salarial nesse momento. Segundo o secretário de Segurança Pública do Estado, André Garcia, a prioridade é garantir a segurança dos capixabas.
“Mesmo que quisesse dar aumento, não temos como. Já a anistia não é dada pelo governo estadual, mas o federal. Mesmo se quiséssemos, não poderíamos fazer. E esse não é um caso de anistia. A prioridade hoje, dos 3 mil militares que estão no Estado, é dar segurança para a população, não vou pegar efetivo para tirar mulher da frente. Mas essa possibilidade não está descartada”, afirmou o secretário.
Já sobre as reivindicações referentes às condições de trabalho, o comandante geral da Polícia Militar, coronel Nylton Rodrigues, afirma que melhorias são necessárias, mas a forma de fazer esse pedido deveria ser outra.
“As nossas armas atiram muito bem e todos possuem colete. Não estou falando que o movimento é ilegítimo. O soldado tem que ser valorizado e ganhar melhor, eu vou ajudar a defender isso, mas a forma que estamos defendendo isso é um crime. Precisamos comprar novas viaturas e vamos conversar com o governo, mas eu não posso parar de trabalhar. É insanidade. Se eu quero melhor salário eu tenho que conversar com o governo e fazer o meu serviço. Temos maneiras certas disso. Não se negocia com arma na cabeça”, alegou.
O comandante ainda fez um apelo aos militares. “Esse país possui leis. Pelo amor de Deus, defender o que é legal é acompanhar discurso político? Eu tenho que fazer o que é legal, sou comandante dessa instituição. Me respeitem”.
Corte de ponto
Como desde o final de semana os policiais militares não vão para as ruas, os representantes do governo informaram que o ponto da categoria será cortado. Além disso, 703 militares também estão sendo indiciados pelo crime de revolta.
“Quem for indiciado ou instaurado processo administrativo disciplinar terá seu ponto cortado a partir do sábado. Não serão pagas as escalas especiais desses policiais. Foi determinada a suspensão das férias, diante desse quadro de crime. As mulheres e familiares que estão à frente desse movimento também serão responsabilizadas. Elas estão sendo identificadas por imagens, e o Ministério Público Federal solicitou a relação dos responsáveis pelo movimento. Vão pagar os custos das forças federais, que foram mobilizadas por causa dessas pessoas. O recado está dado para mulheres e familiares, que não sairão isentas desse processo”, disse Garcia.
Crime de revolta
A respeito do crime de revolta, o comandante explicou que começa com uma desobediência que vai evoluindo. Esse crime pode ser penalizado com oito a 20 anos de prisão. “Quando ocorre ação de desobediência é transgressão e crime militar. Depois essa desobediência vira motim, só que esse crime de motim evolui para revolta. É quando ele desobedece uma ordem, fica agrupado dentro de quartel e armado. Isso é revolta”.
Na última quinta-feira (9), segundo Rodrigues, 327 PMs foram indiciados por revolta. Nesta sexta-feira, foram 376 policiais indiciados. Ao todo são 703 indiciados em inquéritos policiais pelo crime. “Eles serão analisados pela corregedoria e encaminhados ao MPF. Ontem assinei a portaria dos 327 indiciados e hoje assinarei às 12h as outras portarias”, destacou.