Polícia

"Ele a vigiava o dia todo", diz delegada que investiga morte de enfermeira

Maria da Glória Pessotti lembrou que Íris Rocha chegou a fazer um boletim de ocorrência contra o então namorado, por conta de uma agressão

Guilherme Lage

Redação Folha Vitória
Foto: reprodução/sesp

A delegada Maria da Glória Pessotti, titular da DP de Alfredo Chaves e responsável pela investigação da morte da enfermeira Íris Rocha, de 30 anos, encontrada no município no dia 11 de janeiro, relatou que a vítima sofria um relacionamento extremamente abusivo. 

De acordo com informações cedidas pela família e amigos da enfermeira, Cleilton Santana, ex-namorado e principal suspeito do assassinato, vigiava a vítima durante todo o dia. 

A perseguição era tanta, que o suspeito chegava a esperar a enfermeira na porta do trabalho, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), onde ela era mestranda,  até o momento da saída. 

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"Ela sofria um relacionamento muito abusivo com ele, a ponto de ele controlar até o telefone celular dela. Ele a monitorava o dia todo, ficava às vezes do lado de fora do trabalho dela, desde a hora que entrava até a hora que saía", afirmou a delegada.  

Maria da Glória Pessotti lembrou ainda que Íris chegou a fazer um boletim de ocorrência contra o então namorado, por conta de uma agressão sofrida em outubro do ano passado. 

"Ela já tinha registrado uma ocorrência que ficou até como tentativa de homicídio, porque ele deu um mata-leão nela e ela desmaiou". 

Segundo a delegada, a família de Íris afirmou que a vítima havia terminado o relacionamento com o suspeito logo após a agressão, mas amigos de Íris confirmaram que ela continuou a se encontrar com Cleilton. 

"Ela continuou a se encontrar com ele, até porque ela estava grávida, acredito que manteve o contato justamente por conta disso, da criança", relatou. 

Vítima e suspeito estavam juntos no dia do desaparecimento 

De acordo com a delegada, o suspeito teria viajado à região Sul na terça-feira, 9 de janeiro, e o carro dele foi flagrado na região por câmeras de videomonitoramento.

Na quarta-feira, Cleilton teria voltado para Vitória, dia em que se encontrou com Íris e juntos partiram novamente para a região. A data da ida é confirmada pela polícia por conta de um recibo de mercado que estava no bolso da enfermeira, que dava conta de uma compra realizada às 8h daquele dia. 

Isto coloca Íris e Cleilton juntos não apenas no mesmo dia, mas também na região do crime. A presença do suspeito no local já foi comprovada pela investigação. Após voltar da região, o suspeito teria lavado o próprio carro. 

"Temos provas de que o carro dele estava no local. Ele fez a lavagem no veículo, o veículo foi apreendido ontem pela Polícia Civil e vamos fazer a perícia agora para ver se tem algum resquício de sangue dela ou alguma outra coisa que possa vir a provar os fatos", disse.  

De acordo com a delegada, quando foi encontrada, o corpo de Íris ainda não apresentava rigidez cadavérica, o que indica que o crime havia ocorrido há pouco tempo, provavelmente na noite anterior ou durante a manhã. 

Suspeito não se entregou em horário marcado

Cleilton Santana dos Santos foi preso na tarde desta quinta-feira (17) ao passar de carro com o advogado pelo posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Viana, na BR-262.

O suspeito estava na companhia de um advogado e dirigia o carro do pai, que já era monitorado pela polícia, após o seu veículo próprio ter sido apreendido na noite da última quarta-feira. 

Na quarta-feira, um dos advogados do suspeito afirmou à delegada que ele se entregaria à polícia às 10h desta quinta, o que não aconteceu, momento em que as buscas foram iniciadas. 

De acordo com o advogado do suspeito, ele havia remarcado a apresentação de Cleiton para as 14h. 

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