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Enfermeira morta no ES era coordenadora de estudo nacional do Ministério da Saúde

Professor José Geraldo Mill destacou o trabalho de Íris Rocha em estudo sobre infarto precoce e também em pesquisa sobre eficácia da vacina contra a Covid-19

Carol Poleze

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação

A enfermeira Íris Rocha, de 30 anos, era uma pesquisadora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), no Centro de Ciências da Saúde, e "teve o futuro ceifado", nas palavras de seu professor e orientador de pesquisa, José Geraldo Mill. 

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Íris estava grávida de 8 meses e era mãe de um menino de 8 anos. Ela foi assassinada com dois tiros e o corpo foi encontrado às margens de uma rodovia em Alfredo Chaves na última quinta-feira (11). 

O corpo foi enterrado na manhã desta terça-feira (16), em uma cerimônia com familiares, amigos e homenagens ao seu trabalho na área da saúde. Durante o velório, o professor José Geraldo ressaltou o trabalho de Íris como pesquisadora.

A academia lamentou a morte de Íris. Ela era coordenadora regional de um estudo sobre infarto precoce pelo Ministério da Saúde. São 38 coordenadoras por todo Brasil que lideravam a pesquisa e tinham contato direto com os pacientes estudados. 

A informação é do professor José Geraldo Mill, do Centro de Ciências da Saúde. Em entrevista ao Folha Vitória, ele relembra, com afeto, a trajetória da estudante.

"A Íris começou a trabalhar comigo há mais ou menos dois anos, como estagiária de pesquisa. Depois, trabalhou em vários projetos paralelos. Tinha bastante envolvimento. Atualmente, estava no programa CV-GENES, como coordenadora, um programa do Ministério da Saúde. Ela era a ponte entre a pesquisa e os pacientes", contou.

O projeto estudava pacientes que tiveram infarto precocemente e analisava quais eram os possíveis fatores de risco. Para isso, escolhia outros pacientes, com o perfil parecido com aqueles que sofreram infarto precoce, para comparar. 

De acordo com o professor, a fase de testes nestes pacientes havia acabado em dezembro, a última vez que ele se encontrou com Íris.

"Nós concluímos a coleta de amostras de sangue dos pacientes estudados no dia 18 de dezembro, foi a última vez que nos encontramos. Durante as férias, ela iria passar os resultados para os pacientes. Era isso que ela estava fazendo. São 164 pessoas que participaram do projeto aqui no Espírito Santo. E ela era a coordenadora", explicou.

Enfermeira participou de estudo sobre vacina contra a Covid

Além do trabalho sobre infarto, Íris Rocha também se dedicou a uma grande pesquisa em 2021 e 2022 relacionada à pandemia da Covid-19, mais especificamente sobre a eficácia da vacina contra o vírus.

Ela foi monitora no projeto Viana Vacinada, que comprovou cientificamente que a aplicação de meia dose da vacina AstraZeneca/Fiocruz tem efetividade contra o vírus, e vacinou a população da cidade de Viana.

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"Foi um projeto muito grande, envolveu a vacinação de mais de 20 mil pessoas em dois dias no município de Viana, depois a revacinação. Em um subgrupo de aproximadamente 580 indivíduos, nós fizemos coletas seriadas de sangue para ver o curso temporal da resposta imunitária, ou seja, da produção de anticorpos após a vacina. Íris também participou desse estudo e foi muito importante", destacou.

O professor enfatizou que a enfermeira se dedicava à pesquisa e estava envolvida em vários estudos.

"Íris estava envolvida em praticamente todos os projetos que nós temos aqui no grupo de pesquisa em doenças cardiovasculares na Ufes, no Hospital das Clínicas", finalizou.

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