Polícia

Merendeira escapa de cárcere e agressões em Cariacica

O companheiro da vítima a deixou em cárcere por três meses

Redação Folha Vitória

Foto: Reprodução TV Vitória

Uma merendeira, de 46 anos, está internada no Hospital Estadual de Urgência e Emergência São Lucas após ter sido mantida em cárcere privado pelo companheiro. Ela ficou presa por cerca de três meses, sendo agredida, estuprada e torturada em uma casa no bairro Rio Marinho, em Cariacica.

Por ser muito violento e agressivo, o homem, de 45 anos, não pode chegar perto da filha, que é vendedora, pois ela tem uma medida protetiva contra ele.

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"Ele sempre foi muito agressivo. Desde quando a minha mãe estava grávida, ele sempre a agrediu no hospital. Referente ao boletim de ocorrência que eu fiz de medida protetiva, foi, na verdade, por medo. Por tentar me proteger e proteger minha tia", disse a filha.

Os problemas com o companheiro começaram em agosto, quando o suspeito saiu da cadeia e foi até a casa merendeira dizendo que mataria o filho dela. Após a ameaça, o suspeito levou a merendeira para a casa dele, e a deixou presa por três meses, sendo agredida, estuprada e torturada.

A filha do suspeito contou que ouviu a voz e os gritos da vítima, mas não denunciou, com medo do pai matar a esposa.

"Era muito raro a gente ver ela na casa dele, a gente só ouvia a voz, gritos, mas não via direito. Quando eu ouvia as discussões, eu tinha vontade de denunciar, mas eu tinha medo, não comigo, mas dele fazer algo pior com ela", disse a vendedora.

No mês passado, a merendeira conseguiu fugir e foi para a casa de uma sobrinha, no município da Serra. Mas ele descobriu e começou a ameaçar toda a família dela. O homem também gravava as relações sexuais sem a vítima saber, e depois dizia que iria jogar os vídeos nas redes sociais.

Com medo, a merendeira não procurou a polícia, voltou para a casa do marido e passou pelas agressões novamente.

A irmã do suspeito disse que não denunciou, pois não tinha certeza do que ele fazia com a esposa.

Para fugir do marido, a merendeira aproveitou um momento de descuido na véspera de Réveillon e andou por uma escada, foi para o segundo andar e se jogou no terreno ao lado. Mas o marido a encontrou machucada, com uma fratura na coluna.

Depois da tentativa de fuga, o marido trancou a mulher dentro de casa e bateu na vítima.

"Eu vi ela encostada em um muro do lote vizinho de onde eles moravam. Eu não cheguei a me comunicar, eu só vi ela encostada. E o lote sempre foi trancado. Eu achei estranho quando vi ela encostada, mas eu não via ele, eu não ouvia a voz. Eu só via ela encostada, de costas para a rua. Não dava para ver o que estava acontecendo", disse a irmã do suspeito.

A merendeira contou que, durante os abusos sexuais, o marido passou HIV para ela. No dia 1º de janeiro, ela foi ao Pronto Atendimento (PA), pois estava com infecção urinária. No local, tentou pedir ajuda, mas como o marido estava do lado, acabou não conseguindo.

A irmã do suspeito disse que ele já cometeu o mesmo crime com várias outras mulheres. Inclusive, ele estava preso por tentar matar uma delas, em Linhares.

"Quebrou a casa dela toda e disse que ia matar ela enforcada. Ficou seis anos preso. Antes disso, ele tinha ficado 12 anos preso e não adiantou", afirmou a irmã da vítima.

Na noite de quarta-feira (1°), a merendeira conseguiu fazer contato com o irmão, dizendo que estava muito machucada e precisava de atendimento médico. 

Ao ver a mulher ao telefone, o marido pegou o celular das mãos e disse para o irmão da vítima que ela caiu da escada. Após isso, o irmão chamou um carro de aplicativo para a merendeira ir ao hospital, mesmo sendo ameaçada pelo marido.

Ao saber onde ela estava, o homem seguiu para o hospital e esperou pela vítima na recepção da unidade de saúde. Lá, ele foi preso em flagrante.

Além do crime, o homem se passava por pastor evangélico para pedir dinheiro na rua.

*Com informações do repórter André Falcão, da TV Vitória/Record