Julgamento do caso Milena Gottardi é suspenso a pedido da defesa
No pedido, a defesa do réu alegou que a imparcialidade dos jurados estaria comprometida diante da grande repercussão midiática e social do caso
O julgamento dos acusados de assassinar a médica Milena Gottardi, marcado para o dia 08 de março, foi suspenso. O desembargador Sérgio Luiz Teixeira Gama deferiu uma liminar suspendendo o julgamento, até que seja julgado um pedido de desaforamento feito pela defesa de Hilário Antonio Fiorot Frasson.
O desaforamento é a transferência do julgamento de um crime doloso contra a vida para outro local. No pedido, a defesa do réu alegou que a imparcialidade dos jurados estaria comprometida diante da grande repercussão midiática e social do caso. A decisão sobre a suspensão do júri será publicada no Diário da Justiça na próxima segunda-feira (1º).
Tentamos contato com a defesa de Hilário, mas ainda não obtivemos retorno. O espaço segue aberto para manifestação do posicionamento.
Assassinato
A oncologista Milena Gottardi foi baleada na cabeça quando saía do Hospital das Clínicas, no bairro Maruípe, em Vitória, no dia 14 de setembro de 2017. Ela foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e teve morte cerebral. A médica morreu aos 38 anos e deixou duas filhas.
Inicialmente, a polícia suspeitou de uma tentativa de assalto, mas as investigações apontaram que se tratou de um crime encomendado, cujos mandantes são o então marido da médica, o ex-policial civil Hilário Frasson, e o pai dele, Esperidião Frasson.
Ainda de acordo com as investigações, o assassinato teve dois intermediários: Valcir da Silva Dias e Hermenegildo Palauro Filho. Eles, por sua vez, teriam feito a ponte entre os mandantes e os acusados de serem os executores, Dionatas Alves Vieira, o atirador, e Bruno Rodrigues Broetto, primo de Dionatas, que teria roubado a moto para a execução do crime.
Demissão da PCES
Na época do assassinato da médica, Hilário Frasson pertencia aos quadros da Polícia Civil do Espírito Santo. Por causa do crime, um procedimento interno foi instaurado contra Hilário Frasson, que resultou na expulsão dele da corporação.
O decreto estadual que oficializou a demissão de Hilário Frasson da PCES foi publicado no Diário Oficial do dia 14 de setembro deste ano. De acordo com o decreto, assinado pelo governador Renato Casagrande, o ex-policial também não poderá exercer qualquer função no funcionalismo público por dez anos.
Mesmo preso e sem trabalhar, Hilário continuava recebendo salário em função de seu cargo na PCES. De acordo com o portal da transparência, em agosto, o ex-policial civil recebeu salário líquido de mais de R$ 4,5 mil.