Polícia

"Não tem como perdoar", diz avó de Kauã, morto ao lado do irmão em Linhares

Marlúcia é avó paterna de Kauã Butkovsky, que foi morto ao lado do irmão, Joaquim Sales, em abril de 2018. Os dois morreram carbonizados dentro de casa

Foto: TV Vitória

Após quase cinco anos, o caso que chocou o Espírito Santo vai ganhar um desfecho. Isso porque a Justiça marcou o júri popular que vai definir o destino do ex-pastor Georgeval Alves, acusado de estuprar e matar o próprio filho e o enteado, Joaquim Alves Sales e Kauã Sales Butkovsky, de 3 e 6 anos, em Linhares, no ano de 2018.

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Apesar do aparente avanço no caso, além da saudade do neto, a avó do Kauã, Marlúcia Butkosvsky, também se sente decepcionada com a demora da Justiça.

"É muita tristeza. Com essa morosidade toda da nossa lei, a cada vez que é falado do assunto, toda aquela comoção daquela época vem à tona no nosso coração, não tem como não ficar emotiva porque é uma perda que eu não consigo explicar", lamentou.

Marlúcia é avó paterna de Kauã Butkovsky, que foi morto ao lado do irmão, Joaquim Sales, em abril de 2018. Os dois morreram carbonizados dentro de casa. 

No início, o ex-pastor, que é pai de Joaquim e padrasto de Kauã, chegou a dizer que tudo não passou de um acidente. Porém, conforme os dias se passaram, a história foi ficando mais trágica.

"A princípio a gente não achava que foi um acidente. No IML teve aquela entrevista dele, que eu acho que daí as pessoas começaram a imaginar que não foi um acidente, e sim uma tragédia feita por ele", apontou a avó de Kauã, quando questionada sobre a entrevista dada por Georgeval na época do ocorrido.

Ao todo foram realizadas três perícias na casa onde o crime aconteceu. Sete dias depois da morte das crianças, Georgeval foi preso.

Com o fim do inquérito, surgiu a suspeita: ele teria violentado sexualmente os dois meninos, espancado eles e depois ateado fogo no quarto.

"Alguém acha que ele é digno de estar fora da cadeia? Se ele fez isso com o próprio filho e enteado, o que ele pode fazer com qualquer um?", questionou Marlúcia, emocionada.

Durante o processo, a mulher de Georgeval e mãe das duas crianças, Juliana Sales, chegou a ser presa, mas o juiz da 1ª Vara Criminal de Linhares decidiu que não havia provas suficientes para levá-la a júri popular.

Júri popular está marcado para março

Quase cinco anos após o crime, o julgamento foi marcado. No último fim de semana, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) informou que Georgeval Alves vai sentar no banco dos réus no próximo dia 13 de março, em Linhares. A acusação espera uma pena de mais de 100 anos.

"Só estaremos satisfeitos se o réu for considerado culpado e, além disso, condenado a mais de 100 anos de prisão", afirmou o advogado assistente de acusação Síderson Vitorino.

O pastor Georgeval é acusado dos crimes de homicídio duplamente qualificado, estupro de vulnerável e tortura. Para a família de Kauã, essa é uma chance de botar um ponto final dessa história.

"Foram feitos exames, todos tecnicamente confirmaram que aquele monstro fez aquilo tudo com essas duas crianças. Por que essa demora tão grande? Pela justiça divina isso já vai ser feito, mas a gente precisa ter uma resposta como sociedade, como família", disse Marlúcia.

O advogado de defesa do réu disse que espera justiça e que não vai pedir o adiamento do juri

"Eu não tenho a intenção de usar nenhum subterfúgio para comover a sociedade e pintar ali como bom moço, ou isso, ou aquilo, para trazer a opinião pública ao nosso favor", afirmou o advogado de defesa de Georgeval, Deo Moraes Dias.

Mas para Marlúcia, avó de Kauã, mesmo que Georgeval seja condenado, ele nunca será perdoado.

"Eu não perdoo não. Nunca, nunca! Não tem como perdoar uma pessoa dessa. Deus faz o papel dele. Ele pode perdoar, mas eu não. Eu posso até ir para o inferno, mas perdoá-lo, não. Ele tirou meu bem maior", disse.