Um empresário que atua no ramo de esquadrias de alumínio e serralheria é acusado de dar golpes de mais de R$ 100 mil em suas vítimas em municípios da Grande Vitória. O caso é investigado pela polícia e já há decisões na Justiça contra o empresário.
Segundo os clientes afetados, o homem prometia a realização dos serviços, cobrava um valor inicial, mas não entregava o combinado.
Cansados das ações do empresário, pelo menos 11 vítimas se uniram e criaram um grupo para auxiliar na resolução e dar resultado para o prejuízo.
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Uma das vítimas é uma psicóloga e professora de 50 anos, moradora da Serra. Ela explica que conheceu a empresa por meio de uma amiga.
A partir de conversas com o empresário, fechou o contrato para a compra de dois portões com motor, além de escadas de metal e esquadrias de alumínio para a casa da filha mais velha, que iria se casar. Todo o serviço foi orçado no valor de R$ 51 mil.
“Combinamos que ele me ligaria para conversarmos e enviei a imagem do que queria. Após passar o orçamento, ele foi até a minha casa para fecharmos o contrato. A situação foi firmada, assinado no valor de R$ 51 mil, com depósito numa conta corrente, da companheira dele”, descreve a psicóloga.
Entretanto, após o contrato, o serviço nunca foi entregue. Segundo a vítima, os meses se passaram, mas a cada cobrança, o empresário sempre “inventava uma nova desculpa”.
“Com os prazos passando, falei que iria realizar uma reclamação no Procon. Marcaram uma audiência e ele não compareceu nesse dia. Diante da situação que não se acertava, resolvemos ir até a Justiça”, descreve.
Grupo reúne reclamações no Whatsapp
No meio de toda a angústia da possível perda do dinheiro, com o serviço não entregue, a psicóloga disse que teve uma surpresa: ela recebeu um convite para entrar em um grupo no Whatsapp denominado “Vítimas de (nome do empresário)”.
O nome dele não será publicado porque a polícia ainda não concluiu as investigações.
“Eram várias pessoas que foram vítimas do mesmo golpe e da mesma pessoa. Um homem falou que a mãe viveu a mesma situação. Resolvemos entrar na Vara Criminal, até porque tínhamos provas”, narra.
“Não gerou desconfiança na hora”, narra vítima
Uma outra vítima do empresário descreveu que entrou em contato com o empresário para realizar um serviço de serralheria voltado para um familiar.
No entanto, o que era para ser apenas uma “simples obra”, se transformou em uma verdadeira dor de cabeça, com um prejuízo em torno de R$ 22 mil.
“Tudo começou quando ele quis que a gente pagasse o material para outra loja de materiais, que ele dizia ter ‘parceria’ e ser de grande renome no Estado. Não gerou desconfiança na hora. Mas, ao ver o comprovante, notei que o CNPJ era da loja dele”, descreveu a vítima.
Desconfiada, a vítima questionou à loja de materiais e descobriu que não possuíam relação com o suspeito de golpe. “Pesquisei e vi que ele já responde a vários processos. Mesmo assim, ele faz de tudo para parecer um desacordo comercial e não um estelionato”, afirmou.
Polícia diz que o caso está sob investigação
A reportagem do Folha Vitória procurou a Polícia Civil para saber o andamento das investigações envolvendo o empresário suspeito de estelionato.
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que uma das vítimas registrou boletim pela internet, que foi validado pelo 5º Distrito Policial de Vitória.
O caso segue sob investigação e não há outras informações que possam ser divulgadas, conclui a nota da polícia.
Processos correm na Justiça
Na Justiça, há processos condenando o empresário a restituir valores pagos pelos clientes por serviços não prestados, assim como ao pagamento de indenização por danos morais.
Uma das decisões judiciais, datada junho do ano passado, condenou o empresário a reelmbolsar aproximadamente R$ 1 mil e a pagar R$ 2 mil por danos morais a um cliente que havia encomendado um portão e uma lixeira.
Já outra decisão da Justiça, de novembro do ano passado, é referente a um processo de prestação de serviço no valor de cerca de R$ 23 mil. O empresário foi condenado a restituir o valor e a pagar, a título de danos morais, R$ 2 mil.
O que diz o empresário
O Folha Vitória entrou em contato com o empresário e, por telefone, ele se defendeu dizendo que “também é vítima do golpe dos próprios clientes”.
“No caso de uma cliente, eu tive uma dificuldade. A minha filha teve uma debilidade e ficou 62 dias internada. Depois que fomos realizar o serviço, ela já havia contratado uma outra pessoa. Ela não deixou os meus funcionários entrarem na casa dela”, destacou.
Ele ainda argumenta que a vítima entrou na Justiça pedindo multas pelo serviço que não foi executado. “Realizamos uma contraproposta com o valor na Justiça, mas eles não aceitaram”, alega.
Alguns serviços, segundo o empresário, foram entregues, mas não foram executados e finalizados porque os próprios clientes não permitiram.
“Toda história possui um meio e fim. Há pessoas que contrataram meu serviço, mas não deu tempo de pagar o serviço. Uma mulher está falando que foi um golpe, mas todo o serviço foi passado na minha máquina e, quando tentei resolver, foram direto para a Justiça”, destaca.
Advogados que defendem o empresário enviaram uma nota para a reportagem sobre as denúncias.. Confira o posicionamento na íntegra:
“Durante o lapso temporal em que ocorreram os fatos relatados pelas supostas vítimas, a filha do (empresário) foi acometida por uma doença grave e rara denominada Síndrome de Fournier, que quase resultou no óbito da criança, situação que desestabilizou toda família, gerando abalo psicológico e físico, o que desencadeou no pai um grande desespero, ansiedade e depressão, refletidos diretamente na sua atuação profissional. Toda situação já está sendo resolvida judicialmente, com a realização de defesa prévia nos processos, bem como serão realizadas tratativas de acordos nos autos e extrajudicialmente para que nenhum consumidor seja lesado”.
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