Quem são os envolvidos no esquema que movimentou mais de R$ 400 mil em presídio de Viana
A estimava é que o esquema criminoso tenha movimentado mais de R$ 400 mil; ex-diretor-adjunto, um servidor, um detento e uma advogada são réus
Os quatro envolvidos em um esquema de corrupção de venda de postos de trabalho e benefícios na Penitenciária de Segurança Máxima 1, em Viana, são réus em ação penal na Justiça capixaba, após denúncia e operação do Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
Dos envolvidos, três foram presos preventivamente na sexta-feira (09), durante a Operação Philia, realizada para apurar o esquema dentro da unidade: o ex-diretor-adjunto da unidade, um servidor, um detento e uma advogada.
O detento da unidade já cumpre pena por homicídio e roubo. No entanto, foi expedido outro mandado de prisão para o réu.
>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!
Venda de postos de trabalho e benefícios, como visitas íntimas e acessos a celulares, eram feitos por meio de um projeto social da penitenciária.
As investigações apontaram que eles recebiam vantagens para favorecer detentos de duas galerias do presídio.
A estimava é que o esquema criminoso tenha movimentado mais de R$ 400 mil. Entre os envolvidos, estão o ex-diretor-adjunto da unidade, um servidor, um detento e uma advogada.
A Operação Philia é realizada pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio do Grupo Especial de Trabalho em Execução Penal (GETEP), com o apoio do Núcleo de Inteligência da Assessoria Militar do MPES e da Polícia Penal do Espírito Santo.
Quem são os envolvidos no esquema de corrupção?
Rafael Lopes Cavalcanti Ribeiro: foi nomeado diretor-adjunto da unidade prisional em abril de 2021 e foi exonerado do cargo em dezembro de 2022. Ele seria o responsável por montar o esquema entre novembro e dezembro de 2022, época em que cobria as férias do titular do presídio. O ex-diretor-adjunto teria recebido cerca de 250 mil reais com o crime.
Jairo Gonçalves Rodrigues: aposentado por invalidez pela Câmara de Vitória. Também é acusado de negociar com detentos e receber valores indevidos. Ele ficava com a parte do dinheiro do filho, um dos detentos envolvido no esquema.
Leonardo Pessigatt Rodrigues: filho de Jairo e detento da unidade desde setembro de 2015, respondendo por homicídio e roubo. Era responsável por negociar os benefícios entre os outros presos por valores pagos em cédulas. Cobrava quantias diferenciadas de acordo com a capacidade financeira dos internos. Foi expedido um mandado de prisão contra o detento.
Mariana de Sousa Loyola: esposa de um outro interno que também comprou vaga no projeto social da unidade. No esquema, a advogada também é acusada de ajudar nas negociações com outros detentos e receber vantagens.
Como funcionava o esquema?
Segundo apontou a investigação do MPES, entre novembro e final de dezembro de 2022, Rafael Lopes Cavalcanti Ribeiro implementou o esquema criminoso.
Dessa forma, acontecia a “venda de camisas” (postos de trabalho) e outros benefícios no âmbito do Projeto Amigurumi (crochê), concentrado em duas galerias da unidade.
Para operar o esquema, o interno Leonardo Pessigatt Rodrigues, negociava os benefícios entre os demais presos por valores pagos em espécie.
A advogada e esposa de um dos presos, Mariana de Sousa Loyola, e o pai do detento, Jairo Gonçalves Rodrigues, também ajudava a coletar os valores pagos pelos internos.
LEIA TAMBÉM: Advogada casada com preso ajudava a coletar dinheiro de esquema em presídio
As vendas das vagas de empregos e dos benefícios também ocorriam por meio de ameaças, retaliações ou sanções disciplinares infundadas.
O esquema fraudulento também foi confirmado por mais de 30 internos, em uma sindicância instaurada pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) para apurar os fatos.
A investigação foi iniciada após um detento confessar que pagou R$ 8 mil, por meio de familiares, para ter acesso à vaga de trabalho na cozinha do presídio. Presos que trabalham recebem uma série de benefícios, como a redução de pena.
O QUE DIZ A SECRETARIA DE JUSTIÇA?
Em nota, a Secretaria da Justiça (Sejus) informou que o servidor investigado foi nomeado como diretor-adjunto da unidade prisional em abril de 2021 e exonerado do cargo em dezembro de 2022. Atualmente, ele exercia funções como policial penal na área de escolta prisional.
"A Secretaria da Justiça (Sejus) e a Polícia Penal do Espírito Santo (PPES) informam que colaboram com as investigações deflagradas pelo Ministério Público e ressaltam que não compactuam com atos ilícitos que comprometam a transparência e a boa gestão do sistema penitenciário capixaba", concluiu a Sejus.
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Espírito Santo (OAB-ES) também foi procurada e informou que buscará informações sobre o caso e tomará as providências cabíveis, observando o Código de Ética e Disciplina e as prerrogativas da advocacia.
A reportagem tenta localizar a defesa dos envolvidos. O espaço está aberto para manifestação.
*Com informações de Gabriela Valdetaro, repórter da TV Vitória/Record