Polícia

Polícia pedirá prisão do pai e do irmão do suspeito de agredir Jane Cherubim

De acordo com o delegado Ricarte Teixeira, da Delegacia Regional de Alegre, os dois alteraram a cena do crime e ajudaram Jonas a fugir

Rodrigo Araújo

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução
Jonas do Amaral está foragido desde a última terça-feira, quando a Justiça expediu um mandado de prisão contra ele

A Polícia Civil vai pedir a prisão temporária do pai e do irmão do suspeito de espancar e torturar a vendedora Jane Cherubim, de 36 anos, na madrugada da última segunda-feira (04), em Dores do Rio Preto, na região do Caparaó. De acordo com o delegado Ricarte Teixeira, da Delegacia Regional de Alegre, responsável pela investigação do caso, Juscelino Humberto do Amaral, pai de Jonas Guimarães do Amaral Neto, e um outro filho dele, também chamado Juscelino Amaral, alteraram a cena do crime e ajudaram Jonas a fugir.

"Nós estamos concluindo nossos trabalhos e vamos pedir a prisão do Juscelino pai e do Juscelino filho também. O motivo principal é a fraude processual, porque ele retirou o veículo do local do crime, o que pode atrapalhar as investigações e isso é um crime previsto no código penal, com uma pena que pode chegar a 6 anos. Estamos concluindo as peças que ainda faltam para fundamentar o pedido e vamos encaminhar para o Poder Judiciário", explicou o delegado, em entrevista ao apresentador do Cidade Alerta Espírito Santo, Fernando Fully.

Ainda segundo o delegado, uma câmera de videomonitoramento registrou, no início da manhã do dia do crime, o carro de Jonas passando em frente ao bar onde ele e Jane haviam trabalhado na noite anterior. As imagens mostram que o veículo segue em direção a Minas Gerais e que duas pessoas estão dentro do automóvel. O delegado acredita que os dois ocupantes do carro sejam Jonas e o pai dele.

Foto: Reprodução
Câmera registrou o carro de Jonas passando em frente ao bar na manhã do dia do crime

Ricarte Teixeira contou ainda que, mais à frente, o carro de Jonas foi abordado por policiais e dentro do veículo estava apenas o pai dele. "O Jonas já tinha saltado do carro no meio do caminho. Possivelmente eles avistaram a polícia fazendo o cerco, ele parou, o Jonas desceu e se escondeu".

Segundo o delegado, os policiais mandaram Juscelino Humberto do Amaral retornar com o carro para a cena do crime, mas ele alegou que não podia, já que precisava trabalhar. 

"O policial falou: 'você tem que retornar, você não podia ter tirado o carro do local'. E ele se recusou a retornar: 'não, eu não vou retornar porque eu vou trabalhar, eu não posso ficar aqui'. E aí ele desceu do veículo, pegou uma carona e foi embora. Aí a polícia arrumou uma pessoa lá e retornou com o carro para o local do crime e botou o carro lá. Mais tarde o Juscelino pai e o irmão do Jonas, que se chama Juscelino também, retornaram lá e retiraram o carro de novo do local", contou o delegado.

Confira a entrevista com o delegado:

Fuga

Procurado pelo Folha Vitória, o advogado da família de Jane, Bruno Gaspar, explicou que o pai de Jonas esteve no local onde o filho espancou e torturou a vendedora, em uma estrada que dá acesso ao Parque Nacional do Caparaó, no momento em que os familiares da vítima a procuravam.

"Depois que o Cleiton (irmão de Jane) esteve na casa de Juscelino, eles saíram em dois carros para procurarem ela. Em um dos carros estava os dois irmãos da Jane, o Cleiton e o Salvador, e no outro foi o Juscelino (pai) e a Cíntia (esposa do Cleiton). Como os irmãos seguiram na estrada pelo Espírito Santo, eles chegaram primeiro, viram a Jane caída e a socorreram. Logo depois chegaram o Juscelino e a Cíntia. Ela disse que iria chamar a polícia e deixou o Juscelino sozinho no local do crime", explicou o advogado.

Segundo Gaspar, nesse momento o pai de Jonas recolheu alguns pertences da vítima e saiu do local com o carro do filho. "É possível que o Jonas estivesse escondido no meio do mato vendo tudo, desde a hora da chegada dos irmãos da Jane até a chegada da Cíntia com o pai dele. Quando ele viu que só estava o pai, viu que o caminho estava aberto, saiu do mato e entrou no carro, com o pai dando fuga", afirmou o advogado.

"O fato dele (Juscelino Humberto do Amaral) ter ajudado na fuga do Jonas não configura crime, mas ter retirado o carro e os pertences da vítima da cena do crime caracteriza fraude processual e isso sim é passível de prisão", completou Gaspar.

Foragido

Jonas está foragido desde a última terça-feira (05), quando a Justiça expediu um mandado de prisão por tentativa de feminicídio contra o suspeito. As buscas estão sendo feitas diariamente pela Polícia Civil do Espírito Santo, com apoio da polícia mineira, mas ainda não há indícios ou pistas do paradeiro de Jonas.

A tia de Jonas falou sobre o caso da agressão e afirmou que a família também está chocada com o caso e que ninguém está escondendo o suspeito. Maria Célia do Amaral disse que o último contato do sobrinho com a família foi na madrugada da última segunda-feira, data do crime. De acordo com ela, o suspeito mandou um áudio para o pai, por meio de um aplicativo de mensagens, onde ele teria dito que fez "uma coisa muito errada".

Desde então, a tia relata que nenhum familiar teve notícias de Jonas e que ele não deveria ser considerado foragido da polícia, mas, sim, desaparecido. Entretanto, como há um mandado de prisão por tentativa de feminicídio contra o suspeito, ele é considerado foragido.

Maria disse ainda que acredita que Jonas deve se entregar à polícia. "Se ele estiver foragido, ele vai se entregar. Ele ama muito os pais dele, pra ficar tanto tempo assim sem dar notícias".

Leia também:

- 'Estou ansiosa para vê-lo na cadeia', diz mãe de Jane Cherubim sobre suspeito de agressão

- Mãe diz que Jane Cherubim queria terminar namoro, mas suspeito não aceitava

- Suspeito de violentar e torturar vendedora mandou áudio para mãe da vítima após o crime

- 'Ela está apavorada e a situação é pior do que imaginávamos', diz advogado de Jane Cherobin

- Vídeo mostra vendedora saindo de bar com namorado minutos antes de ser violentada e torturada

- Família aprovava relacionamento e não desconfiava do namorado de Jane Cherubin

Pontos moeda