Polícia

Acusados pelo assassinato de auditor da Receita vão a júri popular

A execução de Sevilha ocorreu em setembro de 2005. O auditor levou cinco tiros à queima-roupa de pistola 7.65 quando estava estacionado em frente à casa de sua mãe

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução

Após 14 anos e seis meses, três acusados pelo assassinato a tiros do auditor José Antônio Sevilha, chefe da Seção de Administração Aduaneira da Receita Federal em Maringá, ao norte do Paraná, vão a júri popular nesta terça-feira, dia 3. No primeiro julgamento de crime contra a vida na Justiça Federal na cidade, estão no banco dos réus o empresário Marcos Gottlieb, seu funcionário Moacyr Macedo, além de Fernando Renea, apontado como o homem que disparou cinco tiros contra o auditor do Fisco.

Dono da empresa Gemini, Gottlieb é acusado de mandar matar o auditor para evitar devassa do fisco. Seus advogados levantam a tese de que detetives pagos pela mulher do auditor para desvendar uma amante poderiam ter cometido o crime e dizem que um ex-policial paulista acusado de cometer o crime estava em Maringá para uma investigação interna da empresa.

O caso, que causou forte abalo na Receita Federal em todo o País, é acompanhado de perto pelos colegas de Sevilha e seus familiares, que clamam pela condenação do empresário, tido como mandante do assassinato, e os dois apontados como executores.

A execução de Sevilha ocorreu em setembro de 2005. O auditor levou cinco tiros à queima-roupa de pistola 7.65 quando estava estacionado em frente à casa de sua mãe.

Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, nos últimos anos, além do caso Sevilha, foram registrados 15 atentados, que resultaram na morte de outros oito agentes. A entidade defende o porte de armas para os auditores do fisco.

A entidade patrocina a assistência de acusação, representada pela viúva de Sevilha, e exercida pelo advogado Odel Mikael Jean Antun.

"À medida em que, partindo-se desse quadro, a ele se vão acrescendo todos os elementos incriminadores já trazidos aos autos - todas as provas periciais, documentais e testemunhais, repetidas em Juízo, é incontestável que se está diante de indícios mais do que suficientes a corroborarem que o serviço prestado em Maringá, por Talarico e Ranea , a mando de Gottlieb, e com a intermediação de Moacyr, foi sim a execução do auditor fiscal José Sevilha", afirma Antun.

Além de uma sala na Receita Federal em Maringá ter sido batizada com o nome do auditor, em 2009, sua mulher, Mariângela, recebeu na Justiça Federal no Ceará a Comenda Antônio Sevilha, honraria entregue a agentes que tenham sido alvo de atentados em razão do exercício de suas funções.

A Justiça Federal de Maringá existe há 26 anos, e este é o primeiro caso de júri popular, em razão da especificidade de ser um atentado contra um agente público federal no exercício do cargo.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, Gottlieb tinha desavenças com Sevilha. Teria cogitado oferecer propina de R$ 200 mil ao auditor, para evitar que as atividades de sua empresa, a Gemini, serem suspensas, em um procedimento administrativo da Receita. Apesar de admitir a propina e os desentendimentos, ele nega o crime.

À época, a empresa era uma das maiores fornecedoras de brinquedos da Disney no Brasil, e era alvo de 12 investigações da Receita Federal. De acordo com a acusação, seu funcionário Moacyr Macedo teria sido intermediário na contratação de pistoleiros para executar o crime.

Outros dois chegaram a ser acusados de fazer parte da operação armada para matar o auditor: o ex-policial civil José Luís Talarico, que morreu na prisão, investigado por sequestrar um empresário de ônibus. Outro acusado está desaparecido.