Polícia

"ES definitivamente foi colocado na rota internacional do tráfico de cocaína", diz Eugênio Ricas

Em entrevista ao programa De Olho no Poder, da rádio Jovem Pan News Vitória, superintendente da Polícia Federal no estado diz que grandes facções criminosas, como o PCC, já atuam em território capixaba

Rodrigo Araújo , Iures Wagmaker

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação / Polícia Federal
A PF apreendeu cocaína acoplada em cascos de navios no Esp´rito Santo

Com as apreensões recentes de cocaína, realizadas pela Polícia Federal no Espírito Santo, o estado capixaba já é considerado, oficialmente, como rota internacional do tráfico de drogas. 

Somente em 2021, quase 900 quilos de cocaína foram encontrados acoplados no casco de um navio. Na semana passada, um pacote com mais de 50 quilos da droga foram encontrados, da mesma forma, em embarcação que seria enviada para a Holanda.

Em entrevista ao programa De Olho no Poder com Fabi Tostes, da rádio Jovem Pan News Vitória, o superintendente da Polícia Federal no Estado, Eugênio Ricas, afirmou que a forma encontrada pelos criminosos é um modo de dificultar o trabalho da polícia.

Foto: Dyhego Salazar

"Fechamos o ano de 2021 com mais de uma tonelada e meia de cocaína apreendida. E boa parte dessa cocaína — quase 900 kg — apreendida no ano passado os traficantes usariam justamente essa metodologia, que é acoplar essa cocaína nos cascos dos navios, para dificultar a fiscalização. Mas o número de apreensão mostra justamente que a Polícia Federal tem feito um bom trabalho, conseguiu estabelecer uma linha investigativa, que tem trazido bons resultados. Essa apreensão de 53 kg é mais uma forma que a gente tem para demonstrar isso a todos".

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Com a quantidade de droga apreendida da mesma forma no Espírito Santo, Ricas afirma que a Polícia Federal concluiu o Estado já faz parte da rota internacional do tráfico.

"É muito lucrativo mandar essa droga para a Europa, e é um modus operandi que é muito difícil de você pegar. Não tem como você trabalhar com informante, porque as quadrilhas se valem de mergulhadores, de pessoas muito experientes para colocar essa droga. As pessoas que trabalham no navio, o comandante do navio, não tem conhecimento de nada. Então isso dificulta muito a investigação. É preciso que a gente tenha um trabalho muito forte de inteligência, um trabalho investigativo muito forte, para poder identificar o navio e fazer essas apreensões", afirmou o superintendente.

Ricas ainda revelou que grandes facções criminosas, como o PCC (Primeiro Comando da Capital) do Rio de Janeiro, já atuam em território capixaba. Segundo ele, as investigações apontam que as organizações criminosas que usaram o mesmo modo de operação geraram a prisão do que foi chamado o "Aquaman do Crime".

"Era uma célula do PCC. Ao que tudo indica, essa apreensão de 53 kg também é derivada de uma atuação do PCC também, que hoje, sem dúvida alguma, é uma das maiores organizações criminosas do mundo. O Brasil não produz cocaína. A cocaína vendida aqui dentro é produzida no Peru, na Bolívia e na Colômbia. Essas organizações criminosos têm estrutura para entrar com a droga da América do Sul para dentro do Brasil, para colocar essa droga no navio, mandar essa droga para a Europa, e outra estrutura lá para retirar do navio e colocar no mercado consumidor europeu".

Para o superintendente, a forma mais efetiva de combater a organização criminosa é através da descapitalização da mesma.

"É importante você retirar todo patrimônio da organização criminosa. Isso não é forma de punição. É uma estratégia de acabar com a organização criminosa. Você precisa identificar os carros, os barcos, os aviões, contas bancárias, imóveis, e retirar tudo. Porque traficante não vende fiado. A organização criminosa que está sem poder, que está sem ativo econômico, não consegue ir à Colômbia e comprar 100 kg de cocaína. Então ela está fadada a morrer", afirmou.

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