Polícia

Engenharia social: entenda a tática usada por golpistas para arrancar dinheiro das vítimas

Criminosos utilizam técnicas para enganar as pessoas, que cedem dados pessoais e até mesmo dinheiro. Delegado orienta a desconfiar de histórias muito elaboradas

Foto: Reprodução

Você já ouviu falar em engenharia social? O termo pode não soar familiar, mas com certeza você conhece alguém que já foi vítima deste método em algum golpe aplicado no ambiente online. 

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Esta nomenclatura se refere a um artifício utilizado para enganar pessoas na internet, geralmente usando algum fato de interesse público para induzir usuários a dividirem seus dados particulares ou, até mesmo, a enviar dinheiro aos golpistas. 

"A partir de quarta-feira (16) começa o período de declaração do imposto de renda. Este é um ótimo álibi para que os golpistas obtenham os dados das pessoas. Links enviados por números desconhecidos que prometem agilidade ou facilidade para declarar, ou que dizem que o nome do usuário caiu na malha fina são comuns", explica o professor e analista em Tecnologia da Informação, Eduardo Pinheiro. 

Esta, de acordo com o professor, é apenas uma das centenas de modalidades usadas pelos criminosos. O que eles procuram é criar uma narrativa verossímil, que dê credibilidade ao que estão dizendo, com o intuito de enganar a vítima. 

Dentre os mais difundidos, o golpe do WhatsApp, em que uma pessoa finge ser algum familiar da vítima, consegue sua confiança e tira dinheiro do usuário. "Eles sabem a filiação, grau de parentesco, fica fácil entrar em contato. Então, é simples um senhor ou senhora depositar dinheiro por achar que está ajudando um filho ou uma filha financeiramente", alerta. 

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Mas como os golpistas têm acesso a essas informações? Segundo Eduardo Pinheiro, em janeiro de 2021, dados de milhões de brasileiros foram vazados. Os criminosos consultam estas informações pela chamada "deep web", o que facilita o contato com familiares. 

Além disso, os próprios links enviados às vítimas pelos criminosos são pensados especificamente para extrair estas informações, tanto pessoais, quanto bancárias. 

"Há golpes em que se passam pelo Banco Central, programa de recuperação do dinheiro esquecido. Ou também enviam links para as pessoas dizendo que ganharam algum tipo de vantagem, como um desconto ou um prêmio, é aí que se utilizam das informações disponibilizadas nos links para roubar os dados".

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Segundo o professor, a prevenção a este tipo de crime deve ser sempre a desconfiança. Quem recebe qualquer link deve investigar, analisar propostas, se certificar de todas as formas de que está em terreno seguro. "A desconfiança deve ser a regra. Os criminosos são habilidosos, entendem a arte de enganar pessoas, desconfie das abordagens, não clique em qualquer link". 

Polícia também alerta para estelionato amoroso

O titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), delegado Brenno Andrade, corrobora as advertências dadas pelo professor, e ainda faz novos alertas, uma vez que os golpes podem vir por outra frente: os interesses românticos, o chamado estelionato amoroso. 

"Vemos muitas histórias de pessoas que são enganadas por perfis que se apresentam como médicos, engenheiros, advogados e até celebridades. Já tivemos casos de gente que se passava até por artistas, como cantores sul-coreanos", disse. 

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Segundo o delegado, 80% dos crimes digitais registrados têm relação com a engenharia social e dá dicas de como se prevenir, principalmente desconfiar de histórias muito elaboradas, que não sejam objetivas. Detalhes demais devem chamar a atenção. 

Foto: Reprodução TV Vitória
Delegado Brenno Andrade alerta para a ação de golpistas: "Desconfie!"
"Muitas vezes, estas pessoas pedem transferência em dinheiro, até mesmo para fora do país. Desconfie! Se certifique de quem é a pessoa com quem você está falando. Se não falamos com estranhos na rua, não devemos falar também na internet", orienta. 

Ele ainda alerta que ligações desconhecidas ou alegações de hackeamento de redes sociais devem ser ´prontamente lidas como golpes e que a polícia deve ser acionada quando houver uma ocorrência do tipo. 

"O trabalho da polícia não é só investigar, mas também é de orientar. Por mais simples que possa parecer, a dica é que as pessoas desconfiem, não compartilhem dados e se protejam", destacou o delegado.

Casal caiu no golpe do falso aluguel de carro

No último dia 10 de março, o Folha Vitória noticiou que um casal perdeu mais de R$ 1.600 em um golpe pela internet, do falso aluguel de carro, na Grande Vitória

Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), 5.779 pessoas foram vítimas de estelionatários em 2023. No mesmo período do ano passado, houve o registro de quase 8 mil casos. Mesmo com a queda no número de ocorrências, este tipo de crime ainda faz muitas vítimas.

Durante o golpe sofrido pelo casal, o suspeito enviou fotos e todas as informações do veículo. Durante a ação, ele também pediu que a vítima assinasse o contrato e reconhecesse firma no cartório. 

Mais um exemplo desse tipo de ação criminosa, com o intuito de fazer a vítima crer que o negócio é seguro e confiável. O casal pagou no Pix o dinheiro, acreditando estar realizando a compra do veículo, e ficou no prejuízo.