Policiais envolvidos em morte de rapaz já estão presos, diz comandante da PM
Uma câmera flagrou quando o jovem, já detido, foi baleado por um dos agentes, em Pedro Canário. Segundo o boletim de ocorrência, ele foi morto com 6 perfurações
ATUALIZAÇÃO: A reportagem foi atualizada após a Polícia Militar corrigir o número de policiais militares presos.
O comandante-geral da Polícia Militar do Espírito Santo, coronel Douglas Caus, afirmou que os policiais envolvidos na morte de um rapaz de 17 anos, que estaria algemado, em Pedro Canário, no Norte do Espírito Santo, já estão presos.
Durante coletiva de imprensa no início da noite desta quarta-feira (1º) no Quartel do Comando-Geral, em Vitória, o comandante disse que três policiais haviam sido presos. No entanto, em entrevista à TV Vitória/Record TV na manhã de quinta-feira (02), Caus afirmou que, na realidade, são cinco policiais militares presos. Ele explicou que no vídeo que circula na internet não é possível ver todos os envolvidos e que as primeiras informações foram divulgadas quando a ocorrência ainda estava em andamento.
Uma câmera de segurança flagrou toda a ação dos policiais quando o suspeito, já detido, foi baleado por um dos agentes na manhã desta quarta, no bairro São Geraldo. No boletim de ocorrência, confeccionado pelos militares, não há menção de que o jovem, identificado como Carlos Eduardo Rebouças Barros, estaria algemado.
"Diante desses indícios, a Polícia Militar efetuou a detenção dos três militares. Recolheu o vídeo e o boletim de ocorrência. Os três estão sendo ouvidos na sede do 13º Batalhão de São Mateus. Está sendo confeccionado um auto de prisão em flagrante desses policiais. Eles serão trazidos, presos, para o Presídio Militar (no Quartel de Maruípe, em Vitória) e, posteriormente, a prisão será comunicada ao juiz auditor", explicou o coronel na quarta.
Douglas Caus acrescentou que a Corregedoria da PM acompanha o caso desde o momento em que o vídeo viralizou nas redes sociais. Também disse que o Ministério Público Militar foi acionado. O destino dos policiais será definido de acordo com os trâmites legais, ele afirmou.
"Eles ficarão presos e devem chegar essa madrugada. Posteriormente, amanhã (quinta-feira, 2) como preconiza a lei para todo cidadão brasileiro, serão submetidos 24h após o auto de prisão em flagrante a chamada audiência de custódia, aonde o Ministério Público e o juiz auditor irão decidir sobre a manutenção ou transformação do auto de prisão em flagrante em prisão preventiva ou outra decisão cabível e julgada pelo magistrado", destacou.
Câmera flagrou policial atirando à queima-roupa
Um homem que estaria algemado foi baleado por um policial militar na manhã desta quarta-feira (1º), no bairro São Geraldo, em Pedro Canário, no Norte do Espírito Santo. Uma câmera de segurança flagrou toda a ação. No vídeo, que viralizou nas redes sociais, o rapaz aparece já rendido, mas ainda assim é alvo do disparo de arma de fogo feito à queima-roupa.
No início da gravação, as imagens mostram o homem sentado. Ele se levanta e parece conversar com o policial e se aproxima de um muro. O agente fica com a arma apontada para o suspeito até que atira nele. A vítima cai no chão e o policial se afasta.
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O governador Renato Casagrande (PSB) se pronunciou nas redes sociais dizendo que as imagens não condizem com o dever e a função da PM. Ele determinou apuração imediata sobre o caso.
Boletim não menciona que rapaz estava algemado
Os dois cabos e um soldado envolvidos no caso, de acordo com o boletim de ocorrência ao qual o Folha Vitória teve acesso, perseguiam suspeitos de tráfico de drogas no bairro São Geraldo, em Pedro Canário, após denúncia anônima. Ao contrário do que mostra o vídeo, não foi mencionado que o rapaz morto, identificado como Carlos Eduardo Rebouças Barros, estaria algemado.
A denúncia dizia que uma dupla de traficantes conhecida como "Gêmeos" estaria armada, num prédio do bairro, após um homicídio ocorrido no dia anterior.
O caso foi descrito por eles como "morte em confronto com agente do Estado".
Ao verem os agentes se aproximando nas viaturas, os indivíduos fugiram pelo telhado de uma casa vizinha, desobedecendo diversas ordens de parada feitas pelos policiais.
Ao cercarem a casa, de acordo com o documento, um dos cabos afirma que Barros estava com uma arma. Foi pedido que ele largasse o revólver, mas ele teria disparado quatro vezes em direção ao militar, que respondeu atirando seis vezes.
O boletim diz que o policial não soube precisar se os disparos atingiram o rapaz pois ele continuou em fuga, pulando muros de casas da vizinhança. A perseguição continuou. O jovem atirou novamente duas vezes na direção do militar que revidou com mais quatro disparos.
O agente disse que, nesse momento, viu o rapaz cair com a arma na mão. Foi pedido novamente para que ele largasse a pistola, no que foi atendido. Um soldado que acompanhava a operação, aproximou-se do suspeito e conseguiu pegar a pistola, que estava com oito munições no carregador e uma na câmara da arma.
Os policiais afirmaram que acionaram o Samu, mas não houve atendimento. Eles levaram o suspeito para o Hospital Menino Jesus. O médico de plantão informou que o rapaz não resistiu aos ferimentos a bala e morreu. Foram seis perfurações sendo uma no ombro esquerdo, uma no ombro direito, uma no braço direito, uma no braço esquerdo e dois na região abdominal.
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O outro suspeito foi detido próximo a uma loja de material de construção. Ele foi conduzido à delegacia da cidade. Foram apreendidos a pistola calibre 38, nove munições e um simulacro de pistola.
O que diz a Polícia Civil
A Polícia Civil informou que o corpo do suspeito foi encaminhado ao Serviço Médico Legal (SML) de Linhares, para ser necropsiado e liberado para os familiares. A ocorrência ainda está em andamento, sob responsabilidade da Polícia Militar.
O que diz o Ministério Público Estadual
O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça junto à Auditoria da Justiça Militar Estadual e da Promotoria de Justiça de Pedro Canário, informou que já está fiscalizando e acompanhando com rigor as apurações do caso, para a posterior adoção das medidas cabíveis e previstas em lei, ao final das investigações.