Polícia

Rainha de bateria denuncia injúria racial no condomínio em que trabalha em Vitória

A última agressão, segundo Izabella Azevedo, ocorreu nesta quinta-feira (21), no Dia Internacional Contra a Discriminação Racial

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

A rainha de bateria da escola de samba Imperatriz do Forte, Izabella Azevedo, denunciou que é vítima de injúria racial em um prédio que trabalha, na Praia do Canto, em Vitória, há pelo menos três anos. 

A última agressão, segundo ela, ocorreu nesta quinta-feira (21), no Dia Internacional Contra a Discriminação Racial. Entretanto, a mulher apontada como a autora das injúrias raciais não teve a identidade revelada.

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Em entrevista à reportagem da TV Vitória, Izabella, que também trabalha como auxiliar de serviços gerais, descreveu que quando a pessoa está na posição de vítima, o processo para realizar as denúncias é mais demorado.  

Segundo a vítima, entre algumas das ofensas estava o balançar das chaves da agressora, como um significado que teria que ir para a “jaula” em relação a um animal. 

“Como o balançar da chave, tinha que saber certinho o que isso tinha sentido. Mas o que significa esse balançar das chaves? Ela fazia isso de forma provocativa, como ‘tá na hora de você ir para a jaula’ ou de você ir presa”, descreve. 

De acordo com Izabella, a mulher também sussurrava falas racistas sempre que passava por ela. Os casos chegaram a ser testemunhados por outros moradores do condomínio. 

A gota d’agua, segundo a rainha de bateria, aconteceu na última quinta-feira, quando uma amiga testemunhou os atos de racismo. 

“Eu estava com uma amiga que viu ela balançando a chave. Ela perguntou o que era e eu disse: ela está dizendo que eu tenho que ir para a jaula”. Minha amiga disse que eu tinha que fazer algo. Eu disse que não conseguia, que não tinha provas. Ela disse: eu sou a prova, vou ajudar”, relatou. 

Izabella conta ainda que demorou para registrar o boletim de ocorrência para poder colher provas documentais para denunciar a moradora do condomínio. De acordo com a rainha de bateria, ela foi chamada de “negrinha” por diversas vezes. 

Ainda segundo Izabella, se perceber como vítima ainda é um desafio para quem sofre esse tipo de preconceito e denunciar foi libertador. 

“É muito libertador para outras pessoas também saberem que tive medo, mas tive como denunciar, porque criei coragem e criei força. É difícil? Muito, quando você é a vítima. Mas é preciso ter coragem e correr atrás. Quando você não é a vítima, você enxerga e quer logo confrontar a pessoa, bater boca. Quando acontece com você, é difícil perceber”. 

O caso foi registrado nesta quinta no 3º Distrito Policial de Vitória e seguirá sob investigação da Seção de Investigações Especiais – Pessoas Vítimas de Discriminação Racial, Religiosa, Orientação Sexual ou Deficiência Física, segundo a Polícia Civil.

Moradora do condomínio confirma relato de Izabella

A professora Ariana Oliveira Pavan, moradora do condomínio e amiga de Izabella, confirmou que já testemunhou a vizinha cometendo as injúrias contra a rainha de bateria. 

Ela relata que o ato de balançar as chaves e os comentários em relação à vítima eram constantes. 

“Eu presenciei momentos em que a moradora passava balançando as chaves inúmeras vezes. Ela também resmungava coisas que eu não entendia, em voz alta para todos que estivessem perto ouvissem”, contou.  

A amiga relata ainda que muitos dos moradores do condomínio já se indignaram com a situação, mas outros condôminos não sabiam que o crime estava acontecendo. 

Ariana relata que Izabella entrou em contato com ela para contar que havia feito o boletim de ocorrência. Além disso, ela parecia estar muito abalada com a situação. 

“No grupo do condomínio vários moradores ficaram chocados com o que aconteceu  e mostraram apoio. Todos que se manifestaram esperam que a justiça seja feita.”

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Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão Produtora Web
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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória