Hilário pediu ajuda a ex-secretário de Estado sobre câmeras em apartamento, diz advogado de defesa
De acordo com o advogado de Hilário Frasson, Leonardo Gagno, as câmeras eram para monitorar a vida das filhas.
É realizada nesta quarta-feira (25) mais uma audiência do caso Milena Gottardi, médica assassinada ano passado, em Vitória. Pela primeira vez, o acusado de ser o mandante do crime, o policial civil Hilário Frasson, será interrogado. O advogado de defesa de Hilário, Leonardo Gagno, conversou com a equipe do programa ES no Ar na manhã desta quarta-feira.
Gagno falou sobre algumas questões em relação ao caso e disse que Hilário chegou a pedir ajuda do ex-secretário estadual de Justiça - e que também já ocupou a pasta de Controle e Transparência -, Eugênio Ricas, para encontrar um profissional que vendesse e instalasse as câmeras no apartamento da médica.
"Não era obsessão pela Milena, inclusive essa história das câmeras foi esclarecida em depoimentos em juízo. Com a separação, e como a Milena trabalhava muito, ele precisava prestar atenção na vida das crianças dentro de casa. Inclusive, ele procurou o Eugênio Ricas, que foi secretário de Justiça, eles tinham uma amizade, para indicar um profissional que lhe vendesse e instalasse as câmeras. Quando ele conseguiu as câmeras, ele disse 'não vou fazer mais isso', mas era para acompanhar a vida das filhas dele. Quanto ao rastreador no carro, foi de comum acordo no início do ano de 2017 para poder garantir o carro porque não fizeram seguro".
De acordo com Gagno, Dionathas, um dos acusados, quis se beneficiar quando acusou Hilário no terceiro depoimento. "O Dionathas é um assassino profissional, que só vem vivendo disso. Ele deu três depoimentos: dois na polícia, onde não envolve o Hilário, e no terceiro, em juízo, já com total intuito de se beneficiar, envolve o Hilário. O que vale mais? A palavra de um criminoso ou a palavra de um homem até agora de bem? Vamos trabalhar para tirar a credibilidade do Dionathas", ressaltou.
Segundo o advogado, Hilário e Milena conversavam cinco vezes por dia e que ele nega participação no crime. "Ele afirma que não tem participação nenhuma, e sofre muito. Mais do que sofrer porque está encarcerado, ele sofre com a perda da vida da Milena. Mesmo separados, eles conversavam entre quatro e cinco vezes por dia por telefone. Se davam bem e tinha um convívio bom. Eles tinham projetos juntos para o futuro, porque mesmo separados, eles têm duas filhas que iam ver crescer juntos. Hilário é uma pessoa de bem e não tem envolvimento nenhum".
Sobre a orientação da defesa para responder aos questionamentos da justiça, Gagno disse que o cliente irá responder a todos os questionamentos. "Hilário vai responder a todas as perguntas. Nós sentamos no presídio, estudamos os autos e todas as provas. Ele está à disposição para esclarecer todos os fatos para mostrar que ele não participou do plano que tirou a vida da Milena".
Procurado pela reportagem, Eugênio Ricas disse que não tinha "nada a declarar".
Segundo Renan Sales, assistente de acusação do caso, Hilário era amigo de Ricas, porém, essa amizade se encerrou quando Eugênio teve conhecimento que Frasson estava sendo acusado de participação no homicídio de Milena. "O Dr. Eugênio, de maneira nenhuma, se relacionaria com qualquer indivíduo que tivesse relação com crimes, sobretudo com homicídio de tamanha gravidade", disse.
"Sobre as câmeras, ao contrário do que foi mencionado pelo acusado Hilário, Eugênio não ajudou o acusado Hilário a instalar câmeras na residência de Milena. O que de fato ocorreu foi que, em relação da amizade que tinham, o acusado solicitou a Eugênio a indicação profissional de pessoa autorizada que executasse o serviço de instalação de câmeras de monitoramento. Destaca-se que Hilário, no primeiro momento, não informou que a instalação seria na residência de Milena. Posteriormente, quando o acusado Hilário mencionou que as câmeras seriam instaladas na residência de Milena, Eugênio tentou, de todas as formas, demove-lo dessa ideia, não podendo informar se o serviço foi efetivamente realizado", completou.
Renan ressalta ainda que, após tomar ciência do homicídio de Milena, Eugênio teria entrado em contato com o próprio assistente de acusação, com o delegado responsável pelo caso, Janderson Lube e com o secretário de Segurança Pública à época, teria os informado sobre os fatos relacionados ao interesse do acusado Hilário na instalação das câmeras, a fim de que tomassem as providencias que entendessem pertinentes.
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